No arranque de uma nova digressão europeia, este foi o regresso de Bob Dylan àquela sala de espetáculos de Lisboa, onde esteve em 1999, mas agora o poeta da música popular americana apresentou-se com o estatuto de Nobel da Literatura.
Igual a ele mesmo, independentemente da fama ou dos prémios, Bob Dylan, de 76 anos, entrou e saiu do palco sem dirigir uma única palavra ao público, como tem sido hábito há décadas, fazendo valer sobretudo a poesia cantada.
Rodeado de pequenos holofotes, que conferiam um ambiente mais acolhedor, e acompanhado por cinco músicos, Bob Dylan interpretou 20 canções, grande parte das quais êxitos conhecidos, entre o rock’n’roll, a folk e os blues.
Perante uma plateia sentada que esgotou o Altice Arena, e onde não faltou a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Bob Dylan esteve quase sempre sentado atrás de um piano de cauda e abriu o concerto a cantar “Things have changed”, que compôs para o filme “Wonder Boys” e com o qual ganhou um Óscar em 2001.
A partir daí, sem pausas nem conversas, desfiou temas como “Ain’t me baby”, “Highway 61 Revisited”, “Simple twist of fate”, Summer Days” ou “Don’t think twice, it’s all right”, a primeira a merecer aplausos do público aos primeiros acordes.
A única música que interpretou fora do piano, amparado num pé de microfone num jeito de “crooner” e no meio dos músicos, foi uma versão de “Why try to change me”.
Para o encore, depois de ter sido chamado ao palco com aplausos e assobios pelo público, Bob Dylan ainda interpretou “Blowin’ in the wind” — numa versão quase irreconhecível — e “Balad of a thin man”.
Depois de um breve gesto de agradecimento — ficou de pé, parado, enquanto o aplaudiam -, o concerto terminou, ainda que o público tivesse aplaudido por mais.
Bob Dylan já atuou várias vezes em Portugal, tendo os concertos mais recentes acontecido em 1999 em Lisboa e no Porto e em 2008 no festival Nos Alive, em Algés,
A nova etapa europeia da “Never ending tour”, a digressão que Bob Dylan realiza consecutivamente há pelo menos trinta anos, prossegue no sábado em Salamanca, o primeiro de seis concertos em Espanha.
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