O melhor do fotojornalismo que se produziu em 2016 está, a partir desta sexta-feira, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.
Numa visita guiada à exposição, a curadora Sophie Boshouwers, embora destaque a grande diversidade das 155 fotografias exibidas que celebram o “jornalismo atual e as histórias que acontecem no mundo”, focou, desde logo a atenção numa fotografia.
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Nem mais nem menos a da autoria do repórter fotográfico turco, Burhan Ozbilici, que capta o assassinato do embaixador da Rússia na Turquia e que foi consagrada como a melhor do ano e vencedora na categoria de reportagem.
A foto escolhida pelo júri do prémio internacional mostra Mevlüt Mert Altintas, o polícia turco de pé, ao lado do corpo do embaixador Andrei Karlov, após o assassinato, que ocorreu durante um discurso, na inauguração de uma exposição de arte em Ancara, a 19 de dezembro de 2016.
A imagem do fotógrafo da Associated Press e a eleição não foi consensual entre os 9 jurados, com o presidente do júri, o fotógrafo Stuart Franklin, a manifestar-se publicamente contra, demarcando-se da escolha dos demais. "É a imagem de um assassinato, com o assassino e o morto, ambos na mesma fotografia, e moralmente é tão problemático como publicar um terrorista a decapitar a vítima", escreveu no The Guardian. Quem quiser pode sempre escutar as opiniões do júri num vídeo que também está na exposição.
Polémica à parte, Sophie Boshouwers, reconhece que o consenso nem sempre existe e que o júri “procurou gerar o debate”; um debate que correu “muito nas redes sociais”. A comissária relembrou ainda que o júri não pretendeu “premiar o crime”, mas a “coragem do fotógrafo”, que estava “na altura certa, no momento certo” para captar o acontecimento, reforçando que foi esse mesmo ato de coragem de Burhan Ozbilici “que pôs em perigo a sua própria vida” que mereceu a distinção e nada mais.
O tema dos refugiados está, de novo, este ano no centro das objetivas dos fotógrafos a concurso. Daniel Etter, alemão, é um dos exemplos patentes, retrata na sua lente a migração na Líbia de refugiados vindos da Nigéria.
As fotografias “contam histórias” e os fotógrafos “querem ver mudanças” após a publicação das mesmas. E nesta narrativa de acontecimentos, Sophie Boshouwers virou olhares para o fotógrafo australiano, Daniel Berhulak que “esteve 30 dias nas Filipinas” procurando mostrar “a guerra que é levada a cabo pelo presidente Rodrigo Duterte na luta contra as drogas” e que hoje se transformou em “muito mais que só essa guerra”.
A exposição, organizada em parceria com a revista Visão e SIC Notícias e que conta com o patrocínio da Canon, abriu ao público esta sexta-feira, no Museu Nacional de Etnologia. As fotografias percorrem oito categorias, desde o desporto, com o sorriso do corredor jamaicano, Usain Bolt, à natureza, a que não faltam imagens da criação de pandas gigantes em cativeiro e da (má) ação do homem no mundo animal e vida quotidiana.
As fotografias vencedoras da 60ª edição foram escolhidas entre mais de 80 mil, de 5034 repórteres fotográficos de 126 países e o júri premiou 45 fotógrafos de 25 países.
A exposição, patente até 21 de maio, é organizada pela World Press Photo Foundation, uma organização sem fins lucrativos fundada em 1955. Depois de Lisboa viaja até à Maia, onde ficará no Fórum da Maia, de 27 de maio a 16 de junho.
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