“Centenas de empresas disponibilizaram-se para fazer de forma gratuita”, disse à agência Lusa Mário Jorge Machado considerando que a resposta do setor textil foi “avassaladora”.
Na quinta-feira, a ATP anunciou em comunicado que estava a trabalhar com o CITEVE (Centro Tecnológico sediado em Vila Nova de Famalicão) para dar resposta à solicitação da Direção-Geral da Saúde em termos de fornecimento de equipamento têxtil hospitalar.
A associação pedia que as empresas que tiverem experiência, disponibilidade e poderem colaborar para fornecer ou contribuir para fornecimento deste tipo de materiais, que obedecem a requisitos técnicos específicos, deveriam comunicar essa possibilidade com maior urgência possível.
No mesmo comunicado a ATP refere que tem tido contactos de confeções disponíveis para o efeito e solicita informação sobre fabricantes de matérias primas e acessórias.
Em declarações à agência Lusa, Mário Jorge Machado, disse que mesmo as que não têm experiência nem competências nesta área responderam de imediato informando que estão disponíveis para fazer as adequações que são necessárias, incluindo formação para tal.
“Somos um povo solidário e neste caso o nosso sistema nacional necessita” , disse adiantando que estes produtos tem uma tecnicidade e requisitos específicos que é preciso assegurar estando por isso a questão a ser coordenada com a Direção-Geral da Saúde e com o centro tecnológico.
Mário Jorge Machado frisou a importância de cumprir as normas na produção destes materiais a serem usados pelos profissionais de saúde no combate à Covid-19 pelo que a questão está a ser tratada com toda a necessidade técnica que exige.
“Estes fatos para serem usados tem normas que necessitam de certificação. Estamos a envolver o centro tecnológico para ajudar e para que se avance”, disse.
Os profissionais de saúde portugueses, à semelhança de outros países como Espanha e Itália têm alertado para a falta de equipamento de proteção, nomeadamente máscaras e fatos de circulação.
Na terça-feira, a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC) anunciou que várias empresas da fileira portuguesa do têxtil e vestuário estão a disponibilizar o seu conhecimento e capacidade produtiva "para fazer equipamentos de proteção" no combate ao Covid-19.
"Estas empresas, a que poderão juntar-se outras, estão a disponibilizar as suas competências e capacidades técnicas para assegurarem a produção de equipamentos de proteção individual e vestuário de trabalho para os profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros", adiantou a ANIVEC.
Uma médica de um hospital da Grande Lisboa disse à Lusa que são necessários fatos de circulação para que por debaixo das batas não sejam usadas roupas que tenham vindo da rua.
Tratam-se de fatos habitualmente usados nos blocos operatórios, mas que agora, explicou, é necessário que sejam usados por todos os médicos para que troquem as suas roupas por estes fatos assim que cheguem ao hospital.
“Ninguém devia entrar no hospital sem mudar de roupa e claro que devia haver reforço do serviço de lavandaria para os lavar”, frisou a médica alertando para a necessidade permanente de limpeza das superfícies, o maior fator de contaminação e ainda para a aquisição urgente de máscaras P2(alto poder de retenção para partículas sólidas e líquidas) e P3 (máximo poder de retenção para partículas sólidas e líquidas).
Em Espanha, costureiras, startups e Zara estão a produzir equipamentos
Em Espanha, a ajuda chega também do setor privado.
Na região de Valença, costureiras do pequeno povoado de Pedrel costuraram 10.000 máscaras, e uma empresa de moda juvenil interrompeu a sua produção habitual para fazer o mesmo.
Segundo a imprensa espanhola, o grupo Inditex, proprietário da marca Zara, também planeia fabricar máscaras e roupas de proteção.
Em Barcelona, a empresa BCN3D ofereceu suas 63 impressoras 3D para confeccionar material.
* Com AFP
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