No sábado, o jornal Observador noticiou que, apesar de a lei prever um período de nojo de três anos, Rita Marques, que deixou o Governo há pouco mais de um mês, vai agora administrar a The Fladgate Partnership, que detém a WOW, uma empresa à qual, enquanto secretária de Estado, concedeu o estatuto definitivo de utilidade turística.
A ex-ministra socialista, que como deputada do PS faz parte da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, referiu-se em particular a este caso com Rita Marques.
“A antiga secretária de Estado do Turismo decidiu violar frontalmente a lei indo para uma empresa de um setor que tutelou até sair do Governo. É limpinho, viola a lei assim limpinho. O Governo não tem culpa nenhuma. As pessoas depois de saírem do Governo fazem o que entendem. E eu gostaria que entendessem cumprir a lei, sempre era um bom princípio”, declarou Alexandra Leitão.
Em relação aos mais recentes casos que atingiram o executivo de António Costa, Alexandra Leitão não se pronunciou sobre nenhum deles de forma específica, mas abordou a questão da noção de serviço público.
“Vindas de onde vierem as pessoas, do privado, da academia, do aparelho [partidário], há uma coisa que uns têm e outros não: Noção de serviço público. Podem vir de qualquer lado e terem, e podem vir de qualquer lado e não terem. Portanto, o que aparentemente tem acontecido é que muitas vezes têm sido escolhidas pessoas que, aparentemente, não têm essa noção”, admitiu.
Já no que respeita à atuação política do Governo, Alexandra Leitão destacou a atuação da ministra Ana Catarina Mendes na quarta-feira, durante o debate de urgência requerido pelo PSD sobre a “crise” do executivo de maioria absoluta socialista.
“A Ana Catarina Mendes esteve no parlamento sozinha no debate de urgência, representou condignamente o Governo, numa situação que não era fácil - e acho que esteve bem”, disse.
Mas Alexandra Leitão foi ainda mais longe nos seus elogios: Até agora, acho que é a única pessoa do Governo que assumiu que houve erros, o que também sublinho – naturalmente, além dos que se demitiram, designadamente o Pedro Nuno [Santos], que, afinal, ao demitir-se também está de certa forma a assumir da forma mais dura que houve erros”.
“A Ana Catarina [Mendes] disse expressamente que houve erros. Foi assim que ela começou na Assembleia da República. Acho que isso deve ser enaltecido”, acrescentou.
Nos últimos dias, igualmente na CNN/Portugal, também o deputado do PS Sérgio Sousa Pinto elogiou Ana Catarina Mendes por ter assumido que houve erros no Governo, na sequência dos casos com as ex-secretárias de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, e da Agricultura, Carla Alves.
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