“Sumaúma” é o título do segundo tema que conhecemos do teu novo disco. “Sumaúma” é também uma espécie originária do Brasil, que na nossa latitude comporta-se como uma caduca cujas folhas começam a crescer à medida que se aproxima o outono. E é com o aproximar do outono, dia 21 de setembro, que “Dentro da Chuva” é editado. O que é que podemos esperar deste trabalho?
É o meu quarto disco, gravado no Brasil. Caracteriza-se por ser bastante minimalista ao nível de quantidade de instrumentos. Como costumo dizer, é um disco quase a solo. Muito focado na voz, na guitarra, na poesia e na palavra. Com uma mão cheia de convidados. É um disco que eu já queria fazer há muito tempo, na verdade. Este formato de voz e violão é um formato pelo qual tenho muito apreço e o qual gosto de fazer e assistir em concertos. E, para além disso, é o formato pelo qual começo a compor as todas as minhas canções.
Porquê a escolha do Brasil, mais precisamente do Rio de Janeiro, para gravá-lo?
Quando decidi fazer o disco desta forma, mais intimista, pensei imediatamente que as características do som, no que toca a produção do disco, teriam de ser muito específicas e teria de ter um cuidado especial… Exatamente por essa quantidade reduzida de elementos. O Brasil tem uma tradição muito grande de álbuns neste formato; e a maior parte que são referência para mim, vêm do Brasil. Então pensei que faria sentido gravar este disco lá. Mas também porque depois do "Insular", o meu último disco, fiquei com muita vontade de viajar para gravar e de estar num contexto diferente. Porque isso afeta tudo.
Que álbuns referência da música brasileira são esses?
O "Luminoso" do Gilberto Gil é um deles. E talvez seja o principal. Foi o que usei [como referência] para enviar para o Gabriel Muzak, quem gravou e misturou o álbum. Mas ainda bem que me fazes essa pergunta. Há um outro álbum, que não tem nada a ver com a música brasileira e que também se relaciona e conversa com este "Dentro da Chuva". Falo do "Pink Moon", do Nick Drake. Um álbum dos anos 70 muito de singer songwriter e meio folk; de voz e guitarra, muito intimista, muito próximo, muito bem gravado e ao mesmo tempo muito simples e com uma grande força... Acaba por ser mais difícil fazer um disco nesse formato, assim mais minimalista, do que um disco com banda. E as pessoas normalmente até acham corajoso. [Mas] acaba por meter mais medo quando as pessoas dizem 'ai que coragem'.
“Dentro da Chuva” contou com vários convidados, dois deles especiais. Falo de Jaques Morelenbaum (violoncelista) e de João Pires (dos Cordel). Na tua conta de YouTube podemos ver dois vídeos de making of que resumem o processo de estúdio. Mas como foi gravar com eles e como aconteceu o convite?
Tenho que dizer que todos eles são especiais, não são só o João e o Jaques. Haverá outros episódios que mostram a participação da Luedgi [Luna] e do Gabriel, que gravou o disco. Quando dicidi gravar no Rio de Janeiro, e pensei em explorar essas minhas referências e essa minha ligação com a música brasileira, pensei automaticamente no Jaques Morelenbaum. Ele é uma referência maior dentro da MPB, do que é a tradição da bossa nova e do que são os discos do Caetano Veloso. Durante uns quinze anos da carreira do Caetano, foi o Jaques que produziu [os discos]. O violoncelo é um instrumento mágico, com uma profundidade, uma dramaticidade e uma melancolia que casava na perfeição com o "Areal de Cabo Ledo”, a primeira música que escrevi para este disco. Tive a oportunidade de convidar o Jaques em Lisboa, conhecemo-nos aqui, para gravar comigo no Rio. As agendas coincidiram, ele gostou muito da música e assim foi. Em pleno Rio de Janeiro, perto do Jardim Botânico, que também era um lugar que o António Carlos Jobim gostava muito de ir...
No caso do João Pires foi diferente, ele é meu parceiro já há alguns anos, somos amigos há muito tempo e já fizemos várias músicas juntos, mas nunca tínhamos gravado nada num trabalho meu. E quando estive no Brasil, em outubro do ano passado, ele mostrou-me esta música ["Um Corpo Sobre o Mapa"], sem letra nem nada, e eu gostei muito. Pedi-lhe logo que me mandasse e fiz a letra. Mais tarde, como ele mora no Brasil, decidi convidá-lo para vir ao Rio, que ele mora em Belo Horizonte, para vir gravar. Acho que foi mesmo já no último dia de estúdio [que aconteceu] e soube mesmo bem porque já lhe pude mostrar as outras músicas que tínhamos gravado. O João... somos muito amigos... soube bem ter alguém próximo para presenciar aquele momento. Além disso, ele é um músico extraordinário. Estou muito contente por ter participado no disco.
"O Rio está num momento, que eu pelo menos nunca tinha vivido, que é de uma profunda insegurança. Mas não é só insegurança… é mesmo como se fosse uma pequena... uma pequena ou grande guerra civil"
Quando é que o álbum foi gravado?
Em meados janeiro [deste ano], em dez dias de estúdio.
E como estava o Brasil, que país encontraste?
Mau, como continua. O Rio de Janeiro estava... e continua, infelizmente, muito tenso. Na verdade, esse contexto [até] foi desafiante para mim. Porque o Rio está num momento, que eu pelo menos nunca tinha vivido, que é de uma profunda insegurança. Mas não é só insegurança… é mesmo como se fosse uma pequena... uma pequena ou grande guerra civil. Desconhecida ou apagada para a informação de fora. Não tinha noção do estado da gravidade até ter estado lá. E senti-me super tensa. Um pouco contraditório porque... claro que vais à procura de um outro Rio de Janeiro quando vais gravar um disco. Como diz uma das músicas, "vem a vida e te atropela". E foi um bocado isso que aconteceu. Apesar de vir de Angola, um país que realmente teve uma guerra civil, todo o mundo só falava disso e do contexto político de muita instabilidade, de um ganhar terreno das forças conservadoras e de uma potencial perda de direitos civis importantes.... Vamos ver como é que vão correr as eleições. Isso também orientou muito as conversas nos intervalos das gravações e mesmo em casa. E o medo, não é? O medo que é terrível...
O medo do futuro, o medo de andar na rua... Que medo?
O medo de andar na rua. Porque há tiroteios. Tu vês as notícias e há constantemente notícias de balas perdidas. Há muitas mortes nos morros e nas favelas. É uma situação completamente catastrófica a que se vive no Rio de Janeiro... E assassinatos de pessoas ligadas à política... a Marielle, por exemplo. Esse contexto de perseguição política… As consequências são maiores para as pessoas que moram nas favelas: são elas quem mais sofre com todos estes confrontos bélicos entre a polícia, as milícias, as forças do tráfico e tudo mais. No meio disso tudo há uma mistura de espaços. Algumas cidades têm isso muito bem dividido, de um lado os ricos do outro os pobres. No caso do Rio de Janeiro tudo está junto, dividido por nada. Tens os prédios do Leblon e depois tens a favela do Vidigal ao lado. E é tudo assim. Não há lugares protegidos, o que é bom. Está tudo escancarado. Queres ir para a Barra da Tijuca... tens de passar à beira Rocinha. Tudo isso é... Sabias que estava a haver um combate, porque não há outro nome para dar-lhe, num morro a alguns quilómetros e vias a vida normal a acontecer assim, tipo as pessoas a tomarem água do côco ou açaí. Tudo normal. Era um curto circuito que acontecia na minha cabeça e era tudo muito estranho. Fiquei muito, muito chocada com [tudo] isso e com essa sensação de medo. Fiquei mesmo impressionada. Espero realmente que o Brasil dê a volta por cima, que as coisas se ajeitem e que as eleições não deem para o torto.
Com o contacto que tiveste com as pessoas do Rio, qual era a previsão ou que cenário anteviam do que seriam estas eleições?
Muita gente estava assustada com o avanço das pessoas que apoiam o Bolsonaro, que é um homem absolutamente execrável: racista, machista, xenófobo, fundamentalista religioso, belicista, que apoia o porte de arma, que odeia pessoas pobres, negras e homossexuais... Enfim, tudo do pior que pode haver no mundo a nível ideológico. Mas é uma pessoa que tem muitos apoiantes e ficarias surpreendida com a quantidade de pessoas, aparentemente razoáveis, que nesse contexto de polarização da opinião que vive o Brasil — que é tipo os bons e os maus ou os heróis e os vilões, n'é? — [o apoiam...]
Na verdade é uma situação que a gente vê, infelizmente, em muitos países neste momento. O que acontece nos EUA é um bocado reflexo disso. Como há pouco diálogo e as opiniões se dividiram tanto, as pessoas de opiniões contrárias já não conversam, não conseguem encontrar pontos de conversa... há um desconhecimento do outro. Então as pessoas não sabem o que é que vai acontecer. E isso causa muita ansiedade. Quando não sabemos o que vai acontecer a seguir, ficamos ansiosos n'é? Acho que há uma ansiedade muito grande, uma tensão muito grande e um desnorte... A verdade... Parece que já não existe verdade. Existe o boato, existem alternative facts [factos alternativos] como diz o Gabinete de Imprensa do Trump. Então é como se o chão desabasse debaixo dos pés das pessoas. As pessoas não sabem em que acreditar e, logo, em que é que elas podem ancorar as suas opiniões. Fica tudo muito a pairar...
E há debate ou há discussão?
Não sei, por causa dessas “bolhas". Eu relaciono-me mais com pessoas que não defendem o Bolsonaro. Então não estive em situações de debate. Acho que isso tem acontecendo cada vez mais. Porque as pessoas já estão um pouco cansadas desses confrontos de opinião e acho que se vão fechando em "bolhas". "Bolhas" de pessoas com quem concordam, o que também não é bom.
Começámos a falar da realidade atual do Brasil e ficaram aqui algumas questões penduradas. Quando é que a MPB e a música brasileira entraram na tua vida?
A MPB entrou na minha vida pela aparelhagem dos meus pais. Desde sempre me lembro de ouvir discos brasileiros na casa dos meus pais, portanto faz parte da minha formação de base. Quando comecei a aprender a tocar guitarra, pelos 15-16 anos, eram essas as músicas que eu queria aprender.
E voltando a este disco, porquê "Dentro da Chuva"?
Porquê, porquê... Há uma música no disco que se chama "Kapiapia", onde participa a Luedji Luna. É uma música que fiz a partir de um texto do Ruy Duarte de Carvalho, um escritor angolano. Fiquei muito fascinada com esse texto, tocou-me muito e às tantas, aquilo era prosa mas transformou-se em verso. [Nesse texto, Ruy Duarte de Carvalho] diz que o personagem, Adriano Kapiapia, está dentro da chuva. E aquela imagem foi muito impactante para mim. De fusão com a natureza, mesmo não gostando muito de falar de natureza desde esse ponto de vista idílico. A chuva tem muitos simbolismo... E no texto ele [Ruy Duarte de Carvalho] descreve esse momento dizendo que esse homem [Adriano Kapiapia] está numa paisagem a sentir através de todos os elementos que observa: o chão, os pássaros, as árvores, a humidade no ar, o céu, as montanhas, o reflexo da luz… Como ele ia sentindo que a chuva estava a chegar até que ela chega… Descreve-a como se ele estivesse fundido com todos esses elementos, como uma só coisa. No fundo [“Dentro da Chuva”] tem a ver com isso, com a intimidade e a sensibilidade, com a atenção para aquilo que a escrita nos exige. Com aquilo que a escrita me exige a mim mesma. Parar, observar, estar presente e atenta. A escrita deste disco deu-me muito gozo e foi um dos lugares onde mais me demorei tentando sempre melhorar, aperfeiçoar e ser mais direta nas mensagens.
"Temos muito a tendência em sermos um pouco injustas para com as nossas mães. Somos demasiado exigentes e pouco compreensivas. No geral, compreendemos muito melhor tudo o que acontece fora da nossa família e olhar para dentro é sempre mais complicado."
Voltando ao ponto como esta conversa começou, a "Sumaúma". Quem são as mulheres que entram contigo no vídeo do tema?
Entram amigas, ativistas e a minha mãe. [São elas] Paula Sebastião, minha camarada na Ondjang, um coletivo de mulheres feministas angolano, e que também trabalha na AIA, o Arquivo de Identidade Angolano que trabalha questões de identidade sexual e a luta LGBTI em Angola; Âurea Mouzinho, uma das minhas melhores amigas e também parte da Ondjang; Xano Maria, uma das bailarinas e também faz parte do coletivo; Indira Mateta, minha amiga e fotógrafa; e Ana Bela Frazão, a minha mãe. Fiquei contente por a ter convidado e de ela ter aceitado. Quando enfocas a luta feminista, as tuas camaradas de luta e as mulheres que te inspiram… temos muito a tendência em sermos um pouco injustas para com as nossas mães. Somos demasiado exigentes e pouco compreensivas. No geral, compreendemos muito melhor tudo o que acontece fora da nossa família e olhar para dentro é sempre mais complicado. Neste caso, também é uma homenagem que tento fazer a ela, à minha mãe. Que é uma mulher brilhante e inteligentíssima, e como podes imaginar, muito importante na minha vida. O vídeo foi realizado pela Kamy Lara, realizadora que agora está a fazer um documentário sobre a dança contemporânea em Angola. Só gente talentosa, dentro do contexto da Geração 80, e amiga. É um vídeo que se pretendia muito simples e muito afetuoso, [queria] que se refletissem esses afetos de uma forma simples e direta. E a única forma de meter "Sumaúma" em videoclipe era meter todas estas mulheres lá. Claro que há muitas mais. E, como tenho dito, é uma música de afetos e de amizade mas também de luta política e de celebração e comunhão. Palavras um pouco gastas mas que significam muito. E que significam muito para mim neste momento da minha vida, desde que regressei a Angola.
Por falar na Ondjang, em abril deste ano escreveste um texto com o título "O que aprendi com o Ondjango Feminista". Nele escreves: "Eu já era feminista quando me juntei ao Ondjango. Eu já era contra o racismo, contra a exclusão social, contra a xenofobia, a homofobia, a transfobia e até contra o especismo. (...) O exercício que me faltava era olhar para mim mesma. E esse exercício é tudo." O que mudou?
As coisas não mudam de um momento para o outro, não saltas de uma coisa para outra e está tudo conectado. E eu sempre me interessei por questões políticas e escrevi durante muitos anos sobre isso — durante quatro anos escrevi todas as semanas para o jornal Rede Angola. A realidade política, desde uma análise ética ligada à filosofia ou às ciências sociais e tudo mais, é uma área que me interessa. Mas felizmente a gente está sempre a aprender e desde que entrei para a Ondjango Feminista, estar ao lado dessas mulheres, compreender e desconstruir a realidade das mulheres angolanas em Angola fez-me pensar em várias coisas. Desde o ponto de vista do meu próprio lugar, o meu lugar de fala como se costuma dizer, dentro do movimento feminista. E também [fez-me] tentar desconstruir algumas coisas identitárias e encaixar dentro desse puzzle complexo de privilégios que existe [não só] no meu país, mas em todos. Nesse sentido, a Ondjango Feminista tem sido muito boa e uma grande escola. Quando tu dissolves certas coisas na tua cabeça, vais danço passos. É preciso querer, n'é? Porque nem sempre é fácil encaixar as coisas. E isso te traz um certo sossego, que se agradece.
O que é ser uma mulher feminista em Angola ou em África?
Essa pergunta... A minha resposta vai ser péssima, que essa pergunta é muito abrangente. Pegando por algum lado, ser uma mulher feminista em Angola acho que é ter noção... é ter consciência de classe, de raça, dos seus próprios privilégios; é ter consciência de que há várias frentes, de que só se pode avançar no feminismo se se avançar nas causas sociais, se se avançar na justiça social ou se se melhorarem as questões de base da população angolana. As pautas do feminismo africano não são as mesmas do feminismo europeu.
"O feminismo tem também de ir aprendendo... Porque depois o que acontece? Somos todas feministas mas tratamos mal as empregadas domésticas, não?"
Se tivesses de destacar, qual seria o principal elemento ou bandeira diferenciadora?
Não sei se quero colocar as coisas nesses termos, de oposição de uma coisa a outra. Mas essa interseccionalidade, que é o termo que se usa mais nesse âmbito… Eu acho que as questões de raça são importantes, porque uma mulher negra não está sujeita às mesmas forças de opressão que uma mulher branca, há uma soma de preconceito; uma mulher pobre não está sujeita às mesmas coisas que uma mulher rica; uma mulher heterossexual não está sujeita às mesmas pressões e cobranças sociais que uma mulher lésbica, trans ou cis. Todos esses fatores nos ensinam que nós não estamos todas no mesmo ponto de partida. Todas queremos que exista igualdade entre homens e mulheres, mas também é importante batalhar para que exista igualdade entre as mulheres. É esse o passo seguinte. O feminismo tem também de ir aprendendo... Porque depois o que acontece? Somos todas feministas mas tratamos mal as empregadas domésticas, não? E achamos que o nosso direito ao fim de semana é diferente do direito ao fim de semana da empregada doméstica. Que queremos estar com o nosso filho ou com a nossa filha, mas ela tem de vir para ajudar e vai deixar o filho em casa. Ou seja, o que acontece é que se tu não olhas desde um ponto de vista da interseccionalidade há um conflito de interesses dentro da própria agenda feminista. Então essa agenda tem que estar atenta às diferentes realidades e tem de haver espaço para a expressão dessas realidades dentro do próprio movimento feminista. Isso implica teres, às vezes, consciência dos teus privilégios e saberes como abdicar deles ou como resolver de uma forma mais justa essas diferenças.
Durante os anos que escreveste para o Rede Angola, escreveste sobre Trump, sobre Dylan, sobre a Turquia, sobre racismo e até sobre como o jornalismo desportivo feito por homens não respeita as atletas mulheres e sobre tantas outras coisas. Numa dessas muitas crónicas, em 2015, escrevias sobre quando te tinhas de explicar Angola a um estrangeiro. Como o farias hoje e que diferenças há da explicação com data desse texto?
"Hoje em dia vejo que a mudança [em Angola] vai demorar muitos mais anos do que se calhar a gente gostaria e há muito caminho pela frente. Mas o país está mais calmo"
Acho que Angola está numa fase de transformação. Há muitas coisas que estão a mudar e há muitas coisas que escreveria da mesma forma. Mas acho que talvez tentasse reduzir o meu objeto de descrição mais a Luanda, porque é o que conheço melhor. E talvez falasse muito menos. Esse lugar de porta-voz de alguma coisa é algo que me tenho tentado afastar um bocado, apesar de ser muito difícil. Angola está em transformação, há muitas coisas em aberto e o mundo, que acontece lá fora, vai influenciando… Estivemos a falar do Brasil, do conservadorismo, do fundamentalismo religioso, tudo isso também está na sociedade angolana. Acho que há uma maior abertura e liberdade para se falar sobre o que acontece no país e isso ao mesmo tempo também traz espaço para várias opiniões mais conservadores se manifestarem e ganharem terreno. Acho que Angola é um país jovem. Acho que há muita coisa por acontecer. Hoje em dia vejo que a mudança vai demorar muitos mais anos do que se calhar a gente gostaria e há muito caminho pela frente. Mas o país está mais calmo.
Para terminar em jeito de antevisão do que vem aí, o que podemos esperar dos três concertos agendados em Portugal para novembro — dia 9 na Casa da Música, no Porto; dia 14 em Coimbra, no festival Misty Fest; e dia 29 no São Luiz, em Lisboa. Voz e violão...
Sim, vão ser concertos a solo. Uma leitura minha deste disco, em solitário. Tenho muita vontade e estou muito ansiosa por esses espetáculos. Vai ser um regresso aos palcos portugueses e a um público pelo qual tenho um carinho muito especial. E haverá coisas que são um pouco surpresa até lá.
Até lá, seguem-se algumas datas pela Europa. Mas antes haverá oportunidade para ouvir “Dentro da Chuva” esta sexta-feira, dia em que é editado, na FNAC do Chiado em formato showcase. Entrada gratuita.
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