“Já somos o sexto país que mais vacinou no mundo. Brevemente estaremos nos primeiros lugares, para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar”, disse Bolsonaro num evento virtual promovido pelo banco Credit Suisse.
O chefe de Estado brasileiro, que é um dos líderes mais céticos do mundo em relação a covid-19, contradisse afirmações suas anteriores ao alegar que sempre defendeu a compra de “qualquer vacina, uma vez aprovada pela Anvisa” [Agência Nacional de Vigilância Sanitária].
Em novembro passado, Bolsonaro afirmou publicamente que não compraria doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, alegando que o imunizante – “vacina chinesa” – não tinha comprovação científica de eficácia aprovada pela Anvisa e, mesmo se tivesse, não interessava ao Governo brasileiro.
Os estudos sobre este medicamento no Brasil foram patrocinados por um rival político de Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria.
A CoronaVac foi testada pelo Instituto Butantan, órgão de investigação científica ligado ao governo regional de São Paulo, e está a ser usada para imunizar a população depois de o Ministério da Saúde ter anunciado que compraria 46 milhões de doses do medicamento já negociadas pelo Butantan junto da Sinovac e parte da produção local do medicamento, que deverá começar de facto em outubro com a inalguração de uma nova fábrica e a atribuição da patente detida pelo laboratório chinês.
Bolsonaro também defendeu, no mesmo evento, a negociação de empresas privadas brasileiras interessadas em comprar 33 milhões de doses da AstraZeneca e da Universidade de Oxford para vacinar os seus funcionários.
“Semana passada, fomos procurados por um representante de empresários e assinamos uma carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da [vacina de] Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o Governo”, disse o Presidente brasileiro.
“E metade dessas doses, 16,5 milhões, entraria para o Sistema Único de Saúde (…) os outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários, para que fossem vacinados os seus empregados, para que a economia não parasse”, completou Bolsonaro.
Citada como parte desta negociação, porém, o laboratório AstraZeneca divulgou uma nota nesta terça-feira afirmando não ser possível “disponibilizar vacinas para o setor privado”, segundo os ‘media’ brasileiros.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (217,664 mortos em mais de 8,8 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
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