“As provas científicas muito limitadas relativas ao uso de máscaras respiratórias na comunidade não apoiam o seu uso obrigatório em vez de outros tipos de máscaras faciais”, defende o ECDC num relatório hoje divulgado.
No documento de atualização sobre as recomendações para máscaras faciais em altura de pandemia, o ECDC não se manifesta contra as comunitárias, dizendo antes que “em áreas com transmissão comunitária da covid-19, recomenda-se o uso de máscara facial médica ou não médica em espaços públicos fechados […] ou em ambientes exteriores frequentados”.
Já recomendado por este centro europeu é que cidadãos suscetíveis de ter uma doença severa relacionada com a covid-19, como idosos ou pessoas com outros problemas de saúde, usem “máscaras faciais médicas como meio de proteção pessoal nos cenários acima mencionados”, isto é, espaços frequentados.
A agência europeia de saúde pública sugere também o uso de máscaras cirúrgicas no seio de agregados familiares em que existam “pessoas com sintomas de covid-19 ou que testaram positivo”, tanto para estas como para os restantes membros do agregado.
A posição do ECDC surge depois de, face às novas variantes do SARS-CoV-2, países europeus como França ou Alemanha terem imposto a utilização de máscaras cirúrgicas ou FFP2, com maior capacidade de filtragem de partículas, em locais como transportes públicos e lojas, proibindo as máscaras comunitárias (fabricadas de forma artesanal) que não tenham várias camadas de tecido.
No relatório hoje divulgado, a agência europeia adverte mesmo para as “dificuldades em assegurar a adequada adaptação e utilização em ambientes comunitários” das máscaras FFP2, bem como para os seus “potenciais efeitos adversos relacionados com uma menor respirabilidade”.
Ainda assim, em termos gerais e “com base na avaliação das provas científicas disponíveis, nenhuma recomendação pode ser feita sobre o uso preferencial de máscaras faciais médicas ou não médicas [comunitárias] na comunidade”, insiste o ECDC.
Este centro europeu que tem vindo a aconselhar os países da UE na atual crise sanitária adianta que, no caso das máscaras comunitárias, “é aconselhável que se dê preferência a máscaras que cumpram as diretrizes disponíveis para a eficácia da filtração e respirabilidade”, ou seja, que sejam feitas com múltiplas camadas de tecido (duas a três).
O ECDC contextualiza que a utilização de máscaras faciais “deve complementar e não substituir outras medidas preventivas, tais como distanciamento físico, permanência em casa quando doente, teletrabalho se possível, etiqueta respiratória, higiene meticulosa das mãos e evitar tocar no rosto, nariz, olhos e boca”.
No início deste mês, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, disse, em conferência de imprensa, que o ECDC “não apoia o uso de máscaras de proteção FFP2” contra a covid-19 pelo grande público.
Stella Kyriakides, que surgiu na altura com uma máscara FFP2 “por coincidência”, sublinhou que o importante é “continuar a encorajar todas as pessoas a usarem máscara, a usarem-na corretamente, e a manter o distanciamento social”.
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