Considerando a meta mais ambiciosa dos acordos de Paris, firmados em 2015, limitar o aquecimento a +1,5 ºC em relação à era pré-industrial, mais de 99% dos corais não conseguiriam recuperar-se das ondas de calor marinhas, cada vez mais frequentes, segundo os autores do estudo publicado na revista PLOS Climate.
E com um aumento de temperatura de +2 ºC, a mortalidade seria de 100%, dizem os investigadores, que usaram uma nova geração de modelos climáticos que analisam os oceanos com uma resolução de um quilómetro quadrado.
"A dura realidade é que não há um limite de aquecimento seguro para os recifes de coral", que abrigam um quarto da vida marinha, afirmou a autora principal do estudo, Adele Dixon, da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Perante a multiplicação de ondas de calor, tempestades, inundações e outros fenómenos extremos que ocorrem com o atual aquecimento de +1,1 ºC, o limite de +1,5 ºC tornou-se, na prática, a principal meta do Acordo de Paris.
Mas o último relatório de especialistas em clima da ONU (IPCC) alertou que esse marco pode ser alcançado já em 2030.
Em 2018, o IPCC previu o desaparecimento de 70 a 90% dos corais com aumento de +1,5 ºC e 99% com aumento de +2ºC. Este estudo, porém, garante que são estimativas muito otimistas.
“As nossas investigações mostram que os corais por todo o mundo serão ainda mais ameaçados pelas mudanças climáticas do que pensávamos”, declarou Dixon.
O aumento da temperatura da água provoca episódios de branqueamento dos corais que enfraquecem esses organismos. Os recifes precisam de pelo menos 10 anos para se recuperar, se todos os outros fatores forem ideias, explicou Maria Berger, outra autora do estudo.
No entanto, o aquecimento global multiplica as ondas de calor marinhas e impossibilita essa regeneração.
Estudos recentes indicam que 14% dos corais já desapareceram entre 2009 e 2018 devido ao aquecimento e à poluição, transformando paisagens subaquáticas coloridas e vitais em cemitérios de esqueletos esbranquiçados.
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