"Estas declarações sobre soldados norte-coreanos na nossa frente de guerra são simples afirmações, e procuram apenas desviar a atenção dos problemas realmente importantes que ameaçam a paz e a segurança internacionais", disse Valisi Nebenzia, que acusou Washington e Londres de chegarem a "novos níveis de desinformação".

Os chefes da Defesa dos Estados Unidos e da Coreia do Sul pediram, nesta quarta, que a Coreia do Norte retire as suas tropas da Rússia, para onde Washington afirma que cerca de 10.000 homens foram destacados para possível ação contra as forças ucranianas.

O Pentágono tinha indicado na véspera que "um pequeno número" de tropas norte-coreanas foi mobilizado na região russa de Kursk, onde as forças ucranianas realizam uma ofensiva terrestre desde agosto.

"Peço que retirem suas tropas da Rússia", disse o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, no Pentágono, onde estava acompanhado do colega sul-coreano, Kim Yong-hyun, que solicitou a retirada imediata das forças de Pyongyang.

Austin afirmou que os Estados Unidos "continuarão a trabalhar com aliados e parceiros para dissuadir a Rússia de empregar essas tropas em combate", mas advertiu que é provável que Moscovo o faça.

Se as tropas norte-coreanas “lutam ao lado dos soldados russos nesse conflito e atacam soldados ucranianos, estes últimos têm o direito de se defender", frisou Austin, acrescentando que os soldados norte-coreanos estariam a receber “uniformes e equipamentos russos”.

Numa mensagem mais explícita ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, a delegação dos Estados Unidos na ONU advertiu, horas depois, que os seus soldados retornarão mortos se entrarem na Ucrânia. “Aconselharia o presidente Kim a pensar duas vezes antes de se envolver numa ação tão imprudente e perigosa”, disse o vice-embaixador, Robert Wood, no Conselho de Segurança.

Para o ministro da Defesa sul-coreano, o destacamento militar do Norte poderia “levar a uma escalada das ameaças à segurança da península coreana".

Especialistas apontaram que, em troca desse apoio, a Coreia do Norte pode estar a pretender adquirir tecnologia militar, desde satélites de vigilância até submarinos, além de possíveis garantias de segurança.

O ministro sul-coreano não anunciou em Washington nenhuma mudança na política de Seul, que proíbe a venda de armas para zonas de conflito ativo, incluindo a Ucrânia, apesar dos apelos de Washington e Kiev para que a reconsidere.