“Não contem connosco para qualquer tipo de solução que englobe socialistas, populistas e [o líder do PSD/Madeira] Miguel Albuquerque”, afirmou Nuno Morna, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o representante da República na Madeira, Ireneu Barreto.
Nas eleições legislativa regionais de domingo, o PSD de Miguel Albuquerque (presidente do executivo madeirense desde 2015) voltou a vencer e elegeu 19 deputados, ficando a cinco parlamentares da maioria absoluta.
Os socialistas, principal força da oposição, mantiveram os 11 assentos parlamentares do mandato anterior e o JPP, terceira força política na região, aumentou a sua bancada de cinco para nove elementos. O Chega elegeu quatro deputados, o CDS-PP dois e a IL e o PAN um deputado cada.
Reiterando que a IL continua “equidistante em relação a todas as forças políticas que podem criar governo”, Nuno Morna, o único deputado eleito pelo partido nas eleições de domingo, voltou também a lembrar que os liberais sempre se declararam disponíveis para “caso a caso, ponto a ponto, decreto a decreto, orçamento a orçamento” discutirem propostas que possam “fazer com que a Madeira tenha um maior desenvolvimento do que aquilo que tem”.
Quanto à possibilidade de a IL votar o programa e Orçamento de um executivo liderado por Miguel Albuquerque, Nuno Morna argumentou que o líder do PSD/Madeira “não é o Governo, o Governo é a estrutura que vai governar a Madeira”.
“Neste caso temos de ponderar se as medidas apresentadas, caso a caso, ponto a ponto, vão ao acordo com aquilo que é a nossa maneira de pensar. Não são os protagonistas, são as medidas” e os diplomas legislativos, incluindo os orçamentos e programas de governo, que estão em causa, sublinhou.
Quanto a uma solução governativa liderada pelo PS, o líder da IL/Madeira respondeu que “está tudo em aberto em cima da mesa”, mas insistiu que não está disponível para acordos, embora “tudo o que tiver a haver com os princípios liberais” possa merecer o voto favorável do partido.
Ainda relativamente à situação que resultou das eleições legislativas regionais antecipadas de domingo, o líder da IL/Madeira considerou que se está “numa fase de leilão”.
“Penso que, neste momento, estamos numa fase de leilão. Começou ontem [segunda-feira]”, com o PS e o JPP a anunciarem um entendimento que reúne 20 deputados, mais um que o PSD, disse Nuno Morna, classificando o acordo de “geringalho”.
“Tenho alguma dificuldade em aceitar que dois protagonistas que, em 2018, se desentenderam na Câmara do Funchal […] por falta de confiança” se juntem, sobretudo quando o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, afirmou “há coisa de menos de uma semana que escolher entre o PSD e o PS “vá lá o diabo e escolha”.
“Afinal o diabo era ele próprio e ninguém sabia”, gracejou, admitindo “alguma dificuldade em aceitar que aquilo [entendimento entre PS e JPP] funcione”.
Nuno Morna fez ainda referência ao encontro desta manhã entre os líderes regionais do PSD e do CDS-PP na Quinta Vigia, considerando “grave” se Miguel Albuquerque e José Manuel Rodrigues escolheram a residência oficial do presidente do Governo regional para “tratar de assuntos partidários”.
“Se foram lá tratar de assuntos partidários é grave, porque deveriam fazer noutro sítio e com outro recato”, disse.
O representante da República, Ireneu Barreto, está hoje a ouvir os sete partidos com representação parlamentar, após as eleições de domingo, por ordem crescente de votação: PAN (um deputado), IL (um), CDS-PP (dois), Chega (quatro), JPP (nove), PS (11) e PSD (19).
Segundo uma nota divulgada na segunda-feira, o objetivo dos encontros é reunir “as condições formais e políticas” para “proceder à nomeação do presidente do XV Governo Regional”.
As eleições antecipadas na Madeira ocorreram oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
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