Segundo Joaquim Lé de Matos, o processo tem dois momentos – o primeiro relacionado com a criação da equipa técnica e científica que vai preparar a candidatura e o segundo diz respeito à angariação de fundos para suportar a preparação do processo a submeter à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
“Nós já temos uma equipa identificada e neste momento estamos na fase de angariação de fundos. É um processo oneroso, mas a Estrelacoop está a dar os passos de forma a que isto seja uma realidade”, disse o responsável à agência Lusa durante a inauguração da 46.ª Feira do Queijo Serra da Estrela de Seia, no distrito da Guarda, que decorre até terça-feira no Mercado Municipal e na área envolvente.
O presidente da Estrelacoop gostaria que este ano estivesse fechado o processo relacionado com a equipa técnica e as fontes de financiamento da candidatura.
Já o trabalho de preparação da candidatura “é capaz de demorar um ano e meio, dois anos”.
“Eu até apontava para 2024 [para] que nós já tenhamos o processo todo completo, mas é todo um trabalho [que está] ainda por realizar, e vamos trabalhar para isso”, prometeu.
Joaquim Lé de Matos referiu que já reuniu com as “potenciais pessoas que vão fazer parte da coordenação da equipa técnica e científica”.
O propósito da Estrelacoop é ver reconhecido o processo do “saber fazer” do queijo Serra da Estrela, produzido com leite de ovelha das raças Serra da Estrela ou Churra Mondegueira, e que remonta ao século XI.
O dirigente adiantou que na candidatura serão envolvidos todos os parceiros relacionados com a produção do queijo Serra da Estrela DOP, incluindo as Câmaras Municipais que integram a Região Demarcada (Carregal do Sal, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Seia, Aguiar da Beira, Arganil, Covilhã, Guarda, Tábua, Tondela, Trancoso e Viseu).
A Estrelacoop, que tem sede em Celorico da Beira, no distrito da Guarda, é o agrupamento gestor da DOP dos queijos Serra da Estrela e Serra da Estrela Velho, do requeijão Serra da Estrela e do borrego Serra da Estrela.
O queijo produzido na serra está em destaque até terça-feira na feira de Seia, onde participam duas dezenas de produtores locais.
Segundo o município, o certame, com um total de 100 expositores de várias áreas, é dedicado “à ampla promoção do queijo e dos produtos endógenos” como o pão, o vinho do Dão, os enchidos e o mel, o artesanato, a lã, os ovinos e o cão Serra da Estrela.
Em declarações à Lusa, três produtores de queijo reconheceram que o certame ajuda a comercializar o produto nesta época do ano em que a região é visitada por muitos turistas.
Carlos Marques, da queijaria São Gião, referiu que a feira “ajuda a promover” os queijos DOP, que vende a 20 euros o quilo.
“O único garante que o consumidor tem de que o queijo é originário de ovelha Bordaleira Serra da Estrela é a certificação”, indicou.
Já Inês Pessoa, da queijaria Quinta da Pena, que produz queijo DOP (vendido a 22,5 euros o quilo) e sem ter essa designação (15 euros), referiu que o certificado é o mais procurado, porque, apesar da atual crise, “as pessoas não olham tanto ao preço, mas sim à qualidade”.
Por seu turno, a queijeira Maria Dias, que comercializa queijo por certificar, a 16 euros o quilo, garantiu que o seu produto “é bom”: “Vende-se bem.”
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