A noite eleitoral do Livre, na Casa do Alentejo, em Lisboa, começou com as expectativas em alta, com a possibilidade de eleição de representação parlamentar em Lisboa e no Porto. Essa era uma das metas do partido para estas eleições, que chegou a ser apontada por Rui Tavares como “uma necessidade”.
No entanto, o partido voltou a eleger apenas um deputado, desta vez o historiador Rui Tavares, cabeça de lista por Lisboa e fundador do Livre, que chegou a classificar a sua eleição como “uma vitória”.
Apesar do resultado “agridoce”, o Livre conseguiu o seu melhor resultado de sempre em eleições legislativas. Em 2015, o partido integrou a candidatura cidadã Tempo de Avançar, que obteve 0,73% (39.340 votos) e em 2019 conseguiu o feito histórico de eleger Joacine Katar Moreira para o parlamento, com 1,09%, cerca de 55 mil votos.
Desta vez, de acordo com dados da Secretaria-Geral do Ministério de Administração Interna, com 99,13% da contagem feita, o Livre obteve 1,28%, o equivalente a 68.971 votos.
O partido pretende agora ultrapassar o “trauma” da eleição de Joacine Katar Moreira, a quem retirou a confiança política cerca de três meses depois da eleição histórica.
No discurso final da noite, Rui Tavares chegou a reconhecer que a sua eleição foi uma "segunda oportunidade" e que não haverá uma terceira, vincando que o Livre regressa "para ficar".
Depois de uma campanha em que a principal missão foi a convergência à esquerda, o Livre volta ao parlamento em madrugada de aniversário: o congresso fundador do partido foi precisamente há oito anos, em 31 de janeiro de 2014, no Porto, e o lema era “Fazer Pontes”.
Tavares já assumiu como grande desafio o diálogo à esquerda face a uma maioria absoluta do PS, esperando que António Costa seja “fiel à palavra que deu, de que com maioria absoluta não deixaria de negociar”, acrescentado que “a bola está desse lado”.
Ainda assim o partido reiterou a intenção já feita durante a campanha de que irá pedir reuniões não apenas ao PS, mas também a PCP, Bloco de Esquerda e PAN, acreditando que “quando estes partidos do progressismo e da ecologia reunirem primeiro e verem primeiro quais são as suas linhas de força em termos de proteção laboral e ambiental, aí vão falar com mais força com o partido que estiver no governo”.
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