“Vive-se do paradigma de grande parte [dos nadadores-salvadores] serem estudantes. E, não existindo um regime de incentivos fiscais e laborais ao nadador-salvador, também não ajuda. Se tivermos, por exemplo, um incentivo de que os estudantes que trabalhassem no verão como nadadores tivessem ‘x’ desconto nas propinas poderíamos atrair e ter mais pessoas a trabalhar”, disse Alexandre Tadeia.

Em declarações à agência Lusa, o responsável avançou ainda que aquilo que as entidades têm feito é “tentar formar o maior número de nadadores-salvadores”, mas, ainda assim, será sempre “uma incógnita saber” se existem estes ‘profissionais’ em número suficiente.

“Por muita formação que se faça nunca se sabe se as pessoas estão depois dispostas para trabalhar. Elas tiram o curso, mas não assinam contrato para trabalhar como nadadores-salvadores”, disse.

Alexandre Tadeia lembrou ainda que, dado o perfil do nadador salvador-estudante, no início da época balnear, em junho/julho, encontram-se em exames nas faculdades, pelo que, “não estão disponíveis logo no arranque”, situação que se vem a arrastar ao longo dos últimos anos.

Também João Carreira, presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praia, referiu à Lusa que, o início oficial da época balnear, “a altura dos exames” é aquela que “mais preocupa” os concessionários.

“Já que o perfil do nadador-salvador continua a ser o do estudante, estas datas são as mais críticas. É uma profissão sazonal e, nestas alturas, tem de haver reforço, tendo algumas praias planos integrados”, sublinhou.

Apesar de tudo, João Carreira considera que, tendo em conta os cursos que já se realizaram e aqueles que se vão realizar, “este ano há mais nadadores-salvadores em todo o país”.

Alexandre Tadeia lembrou ainda que a Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores propõe “há vários anos” que sejam as autarquias as responsáveis pela contratação dos socorristas, mantendo sempre o Instituto de Socorros a Náufragos como entidade reguladora.

O responsável advoga que, com esta medida, as condições de trabalho dos nadadores-salvadores “melhorariam e haveria mais pessoas a querer trabalhar no verão” nesta ocupação sazonal.

Além disso, alerta Alexandre Tadeia, reiterando uma posição também já defendida em anos anteriores pelo responsável dos Concessionários, a época balnear não deveria ser estipulada por uma portaria.

Tanto João Correia, como Alexandre Tadeia, defenderam no passado um modelo de vigilância das praias durante todo o ano e não só durante a época balnear.

“No ano passado, as condições para banhos prolongaram-se [já para fora do estabelecido oficialmente], mas a portaria não estabeleceu um período e ponto final o que é extremamente mau”, disse Alexandre Tadeia, dando o exemplo dos bombeiros que “conseguiram prolongar a prevenção na época de incêndios e os nadadores-salvadores não porque o sistema está pendurado financeiramente nos concessionários da praia”.

“Isto é péssimo. Se contar a algum nórdico, por exemplo, esta realidade, vai dizer que não estamos a ser muito inteligentes”, disse.

A concessão na generalidade das 537 praias marítimas disponíveis este ano no país funciona entre junho e setembro, mas há exceções, como as praias do concelho de Cascais, em Lisboa, que já estão a funcionar desde dia 01 de maio, e as de Albufeira, no Algarve, cuja concessão funciona a partir de 15 de maio.

Na região Tejo e Oeste são 104 as praias marítimas, as primeiras das quais já abriram a 01 de maio e localizam-se no concelho de Cascais. São também as últimas a fechar, a 30 de setembro.

No Algarve, há 113 praias marítimas e as primeiras a abrir são as do concelho de Albufeira, que funcionam entre 15 de maio e 15 de outubro.

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