“Neste momento, vamos aguardar pelas soluções e pelas alternativas. Não vamos tomar nenhuma decisão, nem vou estar aqui a tomar decisões sem falar com a comissão política regional, sem falar com a comissão política nacional e sem sequer ter cenários concretos em cima da mesa. Neste momento, são hipóteses”, disse.
Mónica Freitas falava após a audição com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que hoje recebe os sete partidos com representação parlamentar, após as eleições de domingo, por ordem crescente de votação: PAN (um deputado), IL (um), CDS-PP (dois), Chega (quatro), JPP (nove), PS (11) e PSD (19).
A deputada do Pessoas Animais Natureza (PAN) disse ter sido surpreendida pela conferência de imprensa do PS/Madeira e do JPP realizada na segunda-feira, na qual indicaram que vão apresentar ao representante da República “uma solução de governo conjunta” no arquipélago.
Os dois partidos somam 20 deputados, aquém dos 24 necessários para a maioria absoluta.
“Esta é uma questão muito recente, a conferência de imprensa foi feita ontem [segunda-feira] às oito de noite, nós reunimos com o representante da República hoje às 10 da manhã”, afirmou, salientando que, neste momento, “o ónus não está no PAN”, sobretudo se o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados) chegarem a entendimento.
“Não somos nós aqui o partido decisivo para qualquer uma das alternativas que se venha apresentar”, reforçou, sublinhando que o acordo entre o PS e o JPP decorre do funcionamento da democracia.
Mónica Freitas considerou também ser necessário “saber ler os resultados” das eleições, que deram a vitória ao PSD, mas sem maioria absoluta.
“É preciso de facto fazer essa leitura por parte de todos os partidos que estão disponíveis para acordos e perceber se, de facto, a população se sente confortável em ter agora um governo em que esteja Paulo Cafôfo [líder do PS/Madeira] à frente”, afirmou.
Mónica Freitas, que em 2023 assinou um acordo de incidência parlamentar com os social-democratas e assim viabilizou o executivo PSD/CDS-PP, disse que o PAN vai “aguardar por quem tem essa responsabilidade [de propor um governo]” e avaliar a “capacidade e maturidade política [que os partidos] terão para conversar com outros”.
“Portanto, nós teremos que aguardar e, da nossa parte, só poderemos tomar decisões depois de levarmos à comissão política regional e de levarmos à comissão política nacional, como mandam os nossos estatutos”, insistiu.
A porta-voz regional do PAN deixou, no entanto, claro que o partido não está disponível para dialogar com o Chega.
“O Chega, nós sabemos claramente o que é que defende e o que é que propõe. Em nada vai em favor daquilo que o PAN também defende, quando falamos de direitos das pessoas, quando falamos de liberdade de expressão, quando falamos de liberdade individual, quando falamos de igualdade de género, um partido que à partida mete barreiras a essas questões. Impossivelmente o PAN, que é um partido jovem, feminista, progressista, conseguiria chegar a entendimentos com um partido que não é democrático”, disse.
O parlamento madeirense é constituído por 47 deputados, pelo que a formação de uma maioria requer 24 eleitos.
As eleições antecipadas na Madeira ocorreram oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
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