“É um mau resultado que assumimos e que a direção terá que fazer a sua reflexão interna em relação à estratégia que queremos desenvolver para o futuro do partido e do país”, afirmou Inês de Sousa Real, a única eleita do partido nestas eleições.
A líder do PAN discursava na sala Fernando Pessoa do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, o quartel-general do PAN para a noite eleitoral, pouco depois de chegar a confirmação de que tinha sido eleita para a Assembleia da República.
Inês de Sousa Real considerou que se trata de “um mau resultado” também para a democracia, sublinhando que aconteceu aquilo que o PAN mais temia com o chumbo da proposta do Orçamento do Estado para 2022 no parlamento.
“O populismo cresceu, não apenas do ponto de vista antidemocrático, mas também de iniciativas neoliberais que nada trazem do ponto de vista de um Estado de direito forte, como é saúde, educação, entre outras matérias”, salientou.
Para a também deputada, este resultado eleitoral pode refletir “o receio da instabilidade” política no país por parte dos eleitores e o que “pudesse ser a ascensão da extrema-direita” ou da vitória de “uma coligação de direita”.
Defendendo que o país tem pela frente “o grande desafio” de retomar o combate às crises socioeconómica e climática, a porta-voz do PAN referiu que ao Chega e à Iniciativa Liberal estes temas “nada lhes diz”.
Sousa Real sustentou que “uma maioria absoluta não é desejável para o país”, mas disse esperar que este resultado alcançado pelo PS “não deixe para trás uma capacidade de diálogo que tem que acontecer”.
“Infelizmente, nas maiorias absolutas, não há tanta pluralidade democrática quanto seria desejável”, avisou, notando que o partido que lidera “esteve sempre disponível para o diálogo” e continua a querer estar “presente”.
A líder do PAN e cabeça de lista por Lisboa prometeu que o partido “seja com, neste caso, uma deputada, seja com um grupo parlamentar”, como já teve, vai continuar “a trabalhar com o mesmo afinco”.
Questionada sobre se sente condições para continuar como porta-voz, Inês de Sousa Real indicou que o partido vai fazer uma “reflexão interna” e que ela própria vai “convocar esse mesmo momento de reflexão” junto da direção nacional do PAN.
“Mas de uma coisa podem ter a certeza: continuamos a ter representação no parlamento e, por isso, a levar as nossas causas com o mesmo empenho até que consigamos ter uma maior representação na Assembleia da República. Não é um fim, é um recomeço”, frisou.
A porta-voz do partido lembrou que esta direção tomou posse há “sete meses” e que ainda não teve tempo para desenvolver o seu trabalho, recusando que os elementos da estrutura estejam “agarrados, de maneira nenhuma, a esta representação do partido”.
“Cabe aos filiados do partido e ao partido decidir sobre qual é o rumo que querem para o PAN e eu estarei sempre disponível para as nossas causas”, realçou.
Inês de Sousa Real lamentou que a até agora deputada Bebiana Cunha não tenha sido reeleita e disse ter sido com “tristeza” que o PAN vê sair do parlamento “forças ecologistas como o PEV [Partido Ecologista ‘Os Verdes’]”.
“Independentemente de todas as vicissitudes que possam acontecer em democracia, às vezes, há avanços e, outras vezes, há recuos. Temos que saber que nem sempre perder é falhar. Nós falhámos um objetivo, mas conseguimos manter a nossa representação”, vincou.
Nas legislativas de 2019, o PAN tinha alcançado quatro deputados: André Silva, que renunciou e deu lugar, em 2021, a Nelson Silva, e Inês de Sousa Real, por Lisboa, Bebiana Cunha, pelo Porto, e Cristina Rodrigues, por Setúbal, que abandonou o partido e passou à condição de não inscrita.
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