Naquelas oito datas tiveram lugar 12 ajuntamentos, incluindo alguns na residência oficial do Primeiro-ministro, Boris Johnson, onde este também tem o seu escritório de trabalho.
Num comunicado, a Polícia Metropolitana explicou que, “embora normalmente” não investigue “violações relatadas muito depois de terem ocorrido, estão são avaliadas se estiverem disponíveis provas significativas”.
Entre os eventos sob investigação da polícia estão um evento nos alojamentos privados de Boris Johnson a 13 de novembro de 2020, quando o assessor Dominic Cummings se demitiu, uma festa de aniversário de Boris Johnson em junho de 2020 e dois ajuntamentos na véspera do funeral do príncipe Filipe, em abril de 2021.
Do material que já recebeu para analisar fazem parte mais de 300 imagens e 500 páginas de informações, mas os interrogatórios a participantes ainda estão a decorrer.
“Se, após uma investigação, os agentes acreditarem que é apropriado, porque os regulamentos da covid foram violados sem uma justificação razoável, será emitida uma multa. Uma vez que a multa seja paga, o assunto é considerado encerrado”, acrescenta.
O esclarecimento da polícia acontece após a publicação de um relatório resultante de um inquérito interno no próprio Governo ao chamado ‘partygate’, que as autoridades pediram para não incluir informação extensa sobre os eventos que estão sob investigação.
“No contexto da pandemia, quando o Governo pedia aos cidadãos que aceitassem restrições profundas nas suas vidas, alguns dos comportamentos (…) são difíceis de justificar”, lê-se no documento de 12 páginas hoje publicado.
Segundo o relatório, “pelo menos algumas das reuniões em causa representam uma falha grave em cumprir não apenas os altos padrões esperados daqueles que trabalham no coração do governo, mas também os padrões esperados de toda a população britânica na época”.
A responsável pelo inquérito, Sue Gray, considera que houve “falhas de liderança e discernimento por diferentes elementos do número 10 [gabinete do primeiro-ministro] e do Gabinete [Governo] em momentos diferentes”.
“Alguns dos eventos não deveriam ter sido permitidos. Outros eventos não deveriam ter sido autorizados a decorrer como decorreram”, vinca, criticando “o consumo excessivo de álcool” naquele que é um local de trabalho.
Numa declaração no Parlamento, o primeiro-ministro pediu “desculpas (…) pelas coisas” que o seu Governo “simplesmente não fez bem” e “lamentou muito pela forma como este assunto foi tratado”.
“Este é um momento em que devemos olhar-nos no espelho e aprender. (…) Eu percebo [o problema] e vou corrigi-lo”, prometeu.
Boris Johnson recusou demitir-se, perante apelos nesse sentido da oposição e de alguns deputados do próprio Partido.
O Primeiro-ministro britânico tem hoje previsto um encontro com o grupo parlamentar, de quem depende o futuro como líder dos ‘tories’.
É necessário que 54 deputados entreguem “cartas de desconfiança” para desencadear uma moção de censura interna.
O chamado ‘partygate’ causou uma onda de indignação entre os britânicos, impedidos de se encontrar com amigos e familiares durante meses em 2020 e 2021 para conter a propagação da covid-19.
Dezenas de milhares de pessoas foram multadas pela polícia por desrespeitarem as regras.
Sondagens recentes mostram uma queda na popularidade de Boris Johnson, de 57 anos, eleito em 2019 com uma maioria absoluta histórica graças à promessa de concretizar o ‘Brexit’.
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