“Juro ser leal à República e cumprir lealmente a sua Constituição”, declarou Mattarella entre aplausos, na Câmara dos Deputados, que reuniu os mais de mil “grandes eleitores” que participaram na votação para a sua reeleição, todos submetidos a testes de covid-19.
A reeleição de Mattarella, juiz do Tribunal Constitucional de 80 anos, tornou-se necessária, no sábado passado, porque os partidos políticos italianos não conseguiram chegar a acordo sobre um candidato a eleger como novo chefe de Estado.
O Presidente reeleito iniciou o seu discurso de posse com emoção: “Agradeço-vos”, disse perante o plenário do parlamento, que o acolheu com uma grande ovação.
Mattarella afirmou ter aceitado o cargo para evitar qualquer incerteza que pusesse em risco a recuperação da pandemia de covid-19, mas considerou que foi uma semana complicada: “Também para mim”, sublinhou no plenário.
“Estou a pensar em todas e todos os italianos de qualquer idade, religião ou orientação política, e em particular nos mais vulneráveis, que esperam das instituições garantias de direitos e ajuda para os seus problemas”, disse, entre contínuos aplausos.
Essas “expectativas”, sublinhou, teriam sido “fortemente ameaçadas por um cenário de incerteza política e tensão e teriam posto em risco as perspetivas de impulsionamento do país, empenhado em sair de uma situação de grande dificuldade”.
“Essa é a razão do meu ‘sim’ e estará no centro do meu trabalho como Presidente da nossa República neste novo mandato”, prometeu.
No plano internacional, Mattarella voltou a defender o projeto da União Europeia, mas apelou a que esta “não fuja dos seus desafios”, como a paz na zona do Mediterrâneo, e que “não aceite” que “se levante de novo o vento do desencontro” num continente como a Europa, “que conheceu tantas tragédias”.
“Devemos esforçar-nos com todos os nossos recursos e os de países aliados para que as demonstrações de força sejam substituídas pelo entendimento recíproco, para que nenhum povo tema a agressão dos seus vizinhos”, sustentou, numa altura em que se vive forte tensão entre a Rússia e o Ocidente, devido a uma potencial invasão russa da Ucrânia.
O chefe de Estado italiano elogiou também o primeiro-ministro, Mario Draghi, a quem confiou o Governo do país há um ano para enfrentar a pandemia e que tem o apoio de todos os partidos do parlamento exceto do Irmãos de Itália, de extrema-direita.
Mattarella percorrerá agora as ruas do centro de Roma num veículo, juntamente com Draghi, e prestará homenagem no monumento ao soldado desconhecido, que jaz no Altare della Patria, na Piazza Venezia.
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