“Senti-me na obrigação de vir, com a minha presença, manifestar a minha solidariedade” com a luta dos taxistas espanhóis, disse à agência Lusa Hélder Jesus, um dos 10 portugueses em quatro viaturas que se deslocaram de forma “espontânea” para apoiar os colegas espanhóis.
Visivelmente cansado, depois de uma viagem de mais de 600 quilómetros e de um dia passado a “assar” ao sol no meio de centenas de táxis imobilizados no conhecido Paseo de la Castellana de Madrid, este taxista do Porto não tem dúvidas em afirmar que “a luta em Espanha e em Portugal é a mesma”.
“A minha cidade [Porto] está infestada de [carros] clandestinos a apregoar preços que até parece que estão a vender férias e há que pôr um travão a isso”, defendeu Hélder Jesus.
Os taxistas de Madrid mantêm desde segunda-feira o que consideram ser os serviços mínimos, aceitando apenas transportar, e de forma gratuita, pessoas de idade, doentes, mulheres grávidas ou pessoas com mobilidade reduzida.
Outras cidades espanholas, como Barcelona, onde começou a greve, Valência, Málaga ou Bilbau, também estão a ser afetadas por este movimento de protesto que começou no final da semana passada e que está a afetar milhares de turistas que se deslocam a Espanha nesta época de verão.
“A minha intenção é ficar até ao fim, se isto durar mais dois ou três dias. Mais tempo, não posso”, explicou Hélder Jesus.
A paragem do trabalho não tem ainda um fim à vista, depois de o Governo espanhol ter pedido esta manhã “responsabilidade” aos grevistas porque estes “prestam um serviço público”.
Por seu lado, os taxistas solicitaram ao executivo “um novo gesto”, que lhes dê “mais certezas” sobre o futuro do setor e que possa justificar o fim da greve.
Os taxistas defendem que a gestão das licenças para os veículos com condutor, que operam principalmente através das plataformas informáticas Uber e Cabify, passem do Governo central para as comunidades autónomas e municípios que, segundo eles, são quem enfrenta os problemas de circulação, mobilidade e meio ambiente.
Pedem ainda que, assim como está estipulado, esses veículos regressem à sua base quando acabam um serviço e não circulem ou fiquem estacionados à espera de novos clientes, e ainda que não haja mais do que uma licença por cada 30 táxis, como a lei prevê.
O protesto dos taxistas começou na quinta-feira da semana passada, mas uma decisão do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), conhecida na sexta-feira, que manteve suspenso o regulamento metropolitano que restringe a concessão daquelas licenças, levou à intensificação dos protestos nesse dia.
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