PS

O PS considerou hoje que há resultados na redução do índice de transmissibilidade do novo coronavírus em consequência do confinamento geral, mas defendeu que as medidas devem manter-se face à ainda delicada situação do sistema hospitalar.

Na sequência da reunião no Infarmed, Pedro Cegonho defendeu na Assembleia da República que foi possível registar "resultados produzidos pelo confinamento e pelas medidas adotadas pelo Governo" na contenção da covid-19.

"A redução que se está a verificar significa que o confinamento tem produzido os resultados que se esperavam. Mas, obviamente, face à delicada e exigente situação que a frente hospitalar ainda atravessa, quer ao nível do número de internamentos, quer no que respeita a doentes em cuidados intensivos, é necessário manter a resiliência das medidas", salientou o dirigente e deputado do PS.

Pedro Cegonho congratulou-se depois com "a forma como o confinamento está a ser interiorizado e bem compreendido pelos portugueses".

"Nessa medida, importa continuar com o nível de medidas que temos vindo a adotar. O PS reconhece o esforço dos portugueses e a forma como compreenderam a gravidade da situação", declarou.

O deputado do PS e ex-presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) adiantou que o seu partido "continuará a acompanhar a evolução da situação epidemiológica de Portugal, esperando que o índice de transmissibilidade continue a ser reduzido".

"É preciso dar espaço para que o Serviço Nacional de Saúde prossiga na sua resposta aos portugueses e para que o plano de vacinação continue o seu trajeto, embora existam variáveis ligadas à produção e à distribuição internacional da vacina que vão sendo tidas em conta. O objetivo é que no final do verão 70% da população possa estar vacinada e, com isso, haver um controlo mais imediato da epidemia", acrescentou.

PSD

O PSD considerou hoje que o atual confinamento terá de ser prolongado até “meados, fim de março” por o Governo “ter sido frouxo” e “não ter agido a tempo” no combate à covid-19.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, depois da reunião do Infarmed, o deputado e dirigente do PSD Maló de Abreu considerou, ainda assim, que do encontro saiu “um sinal de esperança” com a diminuição da curva de contágios por covid-19 e reiterou a necessidade de “testar mais e isolar mais”.

“Como se viu, por não se ter agido a tempo, ou se ter sido frouxo como foi este Governo, possivelmente este confinamento, dito pelo próprio primeiro-ministro, vai prolongar-se até ao fim de março, o que tem efeitos graves na economia portuguesa”, criticou.

“Se nos falam em meados, fim de março - e como os prazos que o Governo apresenta para tudo nunca são cumpridos - nada de bom nos espera destes prazos”, acrescentou.

O vogal da Comissão Política Nacional do PSD quis aproveitar a ocasião para saudar o novo responsável pela ‘task-force’ da vacinação, vice-almirante Gouveia e Melo.

“Sempre dissemos que esta coordenação não deveria ser feita em tempo parcial e exigiria grande espírito de missão. Desejamos-lhe sorte, a sua sorte é a sorte dos portugueses”, afirmou.

O deputado social-democrata saudou que se esteja a regista ruma “desaceleração na curva” de contágios, mas lamentou que o Governo não tenha “tomado medidas melhores atempadamente”.

“O PSD apresentou um conjunto de propostas a seu tempo, com sete eixos fundamentais, e verificamos hoje que um conjunto de epidemiologistas vem referir o conjunto de propostas que o PSD há muitos meses apresentou e em relação às quais o Governo foi cego surdo e mudo”, criticou, referindo-se em concreto à necessidade de realizar mais testes e de um isolamento mais rápido dos contactos suspeitos.

O dirigente social-democrata apelou ainda a que Portugal utilize a sua atual presidência do Conselho Europeu para dinamizar o processo de vacinação.

“O Governo deve aproveitar esta oportunidade, tem até a obrigação, de forçar o envio mais rápido possível de vacinas, não só para Portugal como para toda a Europa”, disse.

Maló de Abreu defendeu que só será possível diminuir as mortes e relançar a atividade económica conjugando duas ações: “Vacinar o mais rapidamente possível e testar maciçamente os portugueses, é no conjunto destas duas ações que reside o segredo do sucesso”, disse.

BE

O BE desafiou hoje o Governo a deixar os anúncios e “passar à prática” nas medidas de apoio devido à pandemia, sobretudo tendo em conta o prolongamento anunciado do confinamento, defendendo uma mudança “muito clara” na estratégia de testagem.

Após a reunião desta manhã, o deputado do BE Moisés Ferreira falou aos jornalistas no parlamento, considerando que o confinamento que vai continuar “é um dos caminhos que é necessário manter durante algum tempo” para baixar a pressão sobre o SNS e quebrar cadeias de transmissão.

“O Governo tem de perceber, de uma vez por todas, que se não quer ser responsável pelo agravamento das desigualdades, da pobreza, do desemprego, tem de se deixar de anúncios [de medidas de apoio] e tem de passar à prática. Já vamos com quase um ano de pandemia e há medidas que nunca saíram do papel”, desafiou.

O repto para que as medidas de apoio cheguem finalmente à vida das pessoas foi uma das principais ideias transmitidas por Moisés Ferreira, “sabendo que durante mais algumas semanas o país terá de continuar a enfrentar este confinamento”.

“A pandemia está a criar desemprego, pobreza e não ter medidas a sério, medidas concretas, medidas que sejam mesmo reais e não apenas anúncios por parte do Governo agrava as desigualdades, o desemprego, a pobreza”, avisou.

Outra das conclusões da reunião, na perspetiva do deputado do BE, é que o “país tem que mudar de uma forma muito clara aquela que é a sua estratégia de testagem”.

“Até agora tem testado consoante a identificação de um caso suspeito, mas nós precisamos de mudar isto, precisamos de testar mais, precisamos de testar muito mais pessoas por dia, com base populacional, de forma aleatória, de forma estatística e não podemos continuar com a mesma abordagem”, apontou.

Para isto, de acordo com Moisés Ferreira, “é preciso colocar no terreno não só mais capacidade, mas também agilizar o papel do Infarmed na avaliação de novos testes, novas tecnologias, como o teste de saliva”.

A urgência de acelerar a vacinação foi outro dos aspetos identificados pelo BE, explicando o deputado que o problema é que “no plano inicial estava previsto que até ao final do primeiro trimestre de 2021 seriam entregues a Portugal quatro milhões de vacinas” e neste momento, em meados de fevereiro, foram apenas entregues 500 mil.

“Várias farmacêuticas, que foram financiadas por dinheiro público para a investigação comprometeram-se com entregas que não estão a cumprir e com isso estamos a atrasar a vacinação”, criticou.

Para ultrapassar esta limitação, Moisés Ferreira insistiu numa proposta que o BE tem vindo a defender.

“É preciso que o Governo não só aqui, mas na União Europeia tome uma posição clara sobre este assunto. As vacinas foram financiadas por dinheiro público - tanto a sua investigação como a sua produção - as patentes devem ser públicas e, portanto, devem ser levantadas para que possa haver produção destas vacinas nos vários laboratórios a nível mundial”, reiterou.

PCP

O dirigente comunista Jorge Pires classificou hoje como “inaceitável” que se mantenha o atual confinamento geral para combater a epidemia de covid-19 até ao final do mês de março, tal como "anunciado pelo primeiro-ministro".

“Apesar da descida sustentada do número de incidências e a perspetiva da sua continuação no futuro imediato, o Presidente e o Governo preparam-se, tal como foi anunciado no final da reunião pelo primeiro-ministro, para manter o atual confinamento até final do mês de março, o que consideramos inaceitável porque despreza todas as consequências no plano económico, social e também de saúde, em geral, dos portugueses”, lê-se em declaração escrita.

“Ficou claro nesta reunião que uma das formas mais eficazes de combate à epidemia é avançar o mais rápido possível com o processo de vacinação, envolvendo todos os portugueses e que o grande obstáculo ao seu avanço está na falta de vacinas devido à falha de compromisso das farmacêuticas relativamente às entregas que se tinham comprometido contratualmente”, declarou o membro da comissão política do Comité Central do PCP.

Segundo Jorge Pires, “o que o país precisa é de reforçar a proteção individual, fazer a pedagogia da proteção, reforçar o Serviço Nacional de Saúde, concretizando todas as medidas aprovadas no Orçamento do Estado”.

“Dinamizar a atividade económica, garantidas todas as condições de segurança dos trabalhadores, a atividade cultural e a atividade desportiva, e, simultaneamente, garantir a proteção social a todos aqueles que perderam as suas renumerações, em parte ou no todo, e garantir o salário a 100% aos pais das crianças até aos 16 anos que têm de ficar confinadas em casa devido ao encerramento das escolas”, são outras pretensões do PCP.

PAN

O PAN mostrou-se hoje favorável à renovação do estado de emergência, defendendo que as restrições de contactos e à circulação devem continuar, mas pediu ao Governo que melhore os apoios e reforce a testagem.

"No que diz respeito à renovação do estado de emergência, o PAN acompanha", afirmou o porta-voz, André Silva, considerando que "é inquestionável e inevitável" que "é necessário continuar com estas restrições".

No entanto, prosseguiu o dirigente, "há vários aspetos que têm que ter renovados, têm que ser melhorados, há apoios que têm de ser estendidos, por forma a apoiar aquela que é a atividade económica, o rendimento das pessoas".

"As nossas objeções não se colocam tanto na renovação do decreto do senhor Presidente da República, mas sim naquilo que é a atuação do Governo na renovação de algumas medidas que são fundamentais", salientou André Silva.

Entre elas, o deputado defendeu "a renovação de algumas linhas de apoio, por exemplo, para o setor da restauração", considerando que a burocracia "é demasiada" e tempo de espera "é desesperante".

Outra das propostas do PAN passa por "garantir que aqueles pais que estão exclusivamente a tomar conta dos seus filhos possam ter esse rendimento assegurado a 100%".

Quanto ao ensino à distância, André Silva advogou que "não está a ser universal", notando que "ainda há crianças e jovens que não têm os meios informáticos adequados ou a ligação à internet adequada para estar à distância".

Outro dos aspetos para os quais o líder do PAN alertou prende-se com os "motoristas que estão a fazer os transportes internacionais de bens essenciais", uma vez que "nas zonas de fronteira não existem infraestruturas adequadas as serviços mínimos, como beber um café, tomar uma refeição ou ir a uma casa de banho".

"É fundamental que o Governo português assegure também que estas situações sejam ultrapassadas", pediu o dirigente.

Notando que "o confinamento a que os portugueses estão sujeitos está a dar frutos", e que esse esforço está a traduzir-se "num abaixamento das transmissões, número de infetados", André Silva ressalvou que Portugal ainda não está "em condições de desconfinar", e que isso "terá de ocorrer dentro de algumas semanas e de uma forma mais planeada".

No que toca à vacinação, o porta-voz do PAN defendeu que deve ser acelerado "o fornecimento de vacinas".

CDS-PP

O CDS-PP defendeu hoje o envolvimento de militares num "robusto plano de testagem rápida" que permita a identificação das cadeias de contágio da covid-19 e responsabilizou o Governo pelo "descontrolo da pandemia".

Num comunicado enviado à Lusa no final da reunião do Infarmed, os centristas propõem que as Forças Armadas "sejam também associadas à execução de um robusto plano de testagem rápida para rastreio das cadeias de contágio, que os técnicos hoje defenderam nesta reunião como condição de um desconfinamento em segurança".

A porta-voz do CDS-PP, Cecília Anacoreta Correia, que assina a nota, refere que "os dados hoje apresentados revelam que o confinamento decretado em finais de janeiro se deveu a uma reação tardia e laxista por parte do Governo".

"O Governo tinha a responsabilidade de aplicar uma política de precaução e de antevisão de cenários, coisa que irresponsavelmente não fez", critica a dirigente centrista, argumentado que o executivo "optou pelo caminho mais fácil de ir respondendo gradualmente ao evoluir da situação, sempre atrás do prejuízo".

A centrista salienta igualmente que o Serviço Nacional de Saúde "não merecia ter sido deixado à mercê do improviso".

"Não fomos devidamente protegidos e o descontrolo da pandemia verificado no mês de janeiro é uma enorme responsabilidade politica deste Governo", critica Cecília Anacoreta Correia, pedindo "planeamento, transparência e meritocracia na preparação de possíveis novas vagas deste vírus".

Na ótica do CDS-PP, "não se pode mais andar atrás do prejuízo, deixando as coisas evoluírem até a única resposta adequada ser novos confinamentos", uma vez que "as empresas, os trabalhadores, as famílias, os estudantes não aguentam este tipo de política devastadora".

"Resta-nos a esperança da vacinação, domínio onde saudamos o envolvimento tardio das Forças Armadas, que o CDS sempre propôs", realça a porta-voz, destacando também a "criação de centros de vacinação, que o CDS já propusera e espera ver replicados em todo o país".

Na nota hoje divulgada, o partido salienta igualmente que "os maiores de 80 anos são dos mais afetados pela doença e pela mortalidade" e reitera que é "incompreensível que o Governo não tenha incluído toda esta faixa etária na lista de prioridade de vacinação desde a primeira hora, como atempadamente o CDS pediu".

Ainda no que toca à vacinação, o CDS criticou a escolha de "um comissário político para responsável pela condução deste processo, em vez de se envolver desde o início as Forças Armadas", e advogou que "a expectativa dos portugueses na vacinação não pode ser deixada à mercê de comissários políticos e dos abusos" que têm sido identificados, referindo-se à administração de vacinas a pessoas que não estão incluídas nos grupos prioritários".

"O CDS votará favoravelmente o estado de emergência porque entendemos que a pandemia continua descontrolada e são necessárias medidas restritivas para podermos salvar vidas e impedir que mais portugueses sofram às mãos deste vírus", afirmou o presidente centrista.

Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa, no final de uma audiência com o Presidente da República, que decorreu por videoconferência, e depois da reunião desta manhã com os epidemiologistas, no Infarmed, sobre a evolução da covid-19.

Sobre a estimativa do Governo de que o nível de confinamento atual vai manter-se até meados de março, o líder apontou que o CDS-PP "fará sempre uma avaliação a cada 15 dias" da "situação epidemiológica", e pronunciar-se-á "sobre a necessidade ou não de haver uma renovação do confinamento".

"Para já, parece evidente que isso tem de acontecer", defendeu Rodrigues dos Santos, deixando algumas ressalvas.

"É necessário haver mais testagem e melhor rastreamento, criar centros de vacinação que sejam controlos e centralizados pelas Forças Armadas, tem que haver critérios para que não haja desperdício de vacinas e, havendo, que sejam claros para todos os portugueses, para não haver 'chico-espertice' nem aqueles que gostam de furar os esquemas, transformando o processo de vacinação numa verdadeira rebaldaria que mina a confiança dos portugueses", frisou.

No que toca ao plano de vacinação, o Francisco Rodrigues dos Santos disse estar preocupado "com o atraso na vacinação, provocado pela libertação tardia das quantidades de vacinas que estavam contratualizadas", alertando que essa situação "vai atrasar ainda mais a Portugal atingir a imunidade de grupo".

O presidente do CDS-PP reiterou também a defesa da contratualização de cuidados de saúde com os setores particular e social, sobretudo "para que os doentes não covid não continuem a ser deixados para trás", e apelou também ao Governo que entregue aos alunos os computadores que prometeu ou adote a proposta centrista de dar às famílias um "vale tecnológico" para ajudar na compra de equipamentos que permitam as aulas à distância.

Na ótica do presidente democrata-cristão, o "Governo teve grandes responsabilidades no descontrolo da pandemia durante o mês de janeiro", porque "não precaveu, não planeou, não agiu pelo seguro, andou a reboque dos acontecimentos, atrás do prejuízo, e à espera do evoluir da situação".

"Isso empurrou o país para um confinamento decretado tarde e a más horas e provocou a morte de muitos portugueses", criticou ainda.

PEV

O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) defendeu hoje que o Governo deveria negociar vacinas com “outros fornecedores”, estranhando que o executivo “esteja preso” ao compromisso nesta área com a União Europeia.

A deputada Mariana Silva falava aos jornalistas no parlamento no final da audiência com o Presidente da República, que decorreu por videoconferência, e depois de ter assistido, hoje de manhã, à reunião com os epidemiologistas no Infarmed.

“Ouvimos por parte dos técnicos que vamos atingir os objetivos do plano de vacinação se as vacinas chegarem atempadamente, mas para isso é preciso ter vacinas. Preocupa-nos este atraso e, da parte dos Verdes, não percebemos porque é que o Governo português deixa de estar preso a este compromisso com a União Europeia e avança para outros fornecedores”, defendeu, sem especificar a quais se referia em concreto.

Questionada se o partido irá manter o voto contra a provável renovação do estado de emergência, a deputada do PEV respondeu afirmativamente.

“Sim, vamos manter até com outra preocupação, o desconfinamento que, depois de tantas declarações de estado de emergência, pode ser entendido como um momento de relaxamento e voltarmos a subir os números”, afirmou.

Questionada sobre a possibilidade admitida pelo Governo de o confinamento se prolongar até final de março, Mariana Silva respondeu que, na mesma reunião do Infarmed, “um dos técnicos disse que bastaria até final de fevereiro”.

“Estes quinze dias podem ser essenciais para se perceber de que forma podemos continuar a fazer a vida mais ou menos normal”, considerou.

A deputada disse ainda ter transmitido ao Presidente da República duas preocupações específicas relacionadas com o confinamento: as dificuldades de financiamento das Pequenas e Médias Empresas, que representam 90% do tecido empresarial português, e as dificuldades para prevenir a saúde mental, que considerou serem “transversais” em todas as camadas da população.

IL

O deputado e presidente da Iniciativa Liberal defendeu hoje que, no final de fevereiro, “há condições” para ponderar o relaxamento de “algumas medidas” que considera mais danosas para a “desigualdade na educação e saúde mental”.

João Cotrim Figueiredo falava aos jornalistas no parlamento no final da audiência com o Presidente da República, que decorreu por videoconferência, e depois de ter assistido, hoje de manhã, à reunião com os epidemiologistas no Infarmed, que classificou como “muito positiva”.

Questionado sobre a possibilidade de Portugal manter o atual confinamento até final de março, admitida publicamente pela ministra da Saúde, o deputado e dirigente da IL disse ter “ficado surpreendido por o primeiro-ministro ter dado isso como adquirido”, referindo-se à parte fechada da reunião do Infarmed.

“Penso que haverá, a partir de final de fevereiro, condições para reponderar, com muita prudência, com muito rigor, relaxamentos de algumas das medidas. Eu começaria pelas mais danosas, quer para a desigualdade da edução quer para a saúde mental”, afirmou, considerando que mais seis semanas de confinamento geral podem tornar este problema “irreversível” em parte da população.

Cotrim Figueiredo disse ter sentido na reunião com Marcelo Rebelo de Sousa “grande recetividade” para os alertas da Iniciativa Liberal, nomeadamente de que é preciso “uma estratégia alternativa” de combate à pandemia.

“Passados onze meses desta pandemia, é altura de saber o que funciona em função do dano que causa”, defendeu, alertando que, da reunião do Infarmed, ficou claro que Portugal precisa de “confinar muito mais” para ter números semelhantes à média europeia.

Questionado se essa boa recetividade poderá ser suficiente para a IL mudar o seu sentido de voto quanto à renovação do estado de emergência (que tem sido quase sempre contra), Cotrim Figueiredo desligou essa apreciação do decreto presidencial.

“Nós somos a favor das medidas de contenção que funcionam, aquelas que não necessitam de estado de emergência não faz sentido dar poder ao Governo para as ter, não contem com a IL para isso”, referiu.

João Cotrim Figueiredo saudou que na reunião de hoje do Infarmed se falou “finalmente numa estratégia alternativa de combate à pandemia”, como a IL tem defendido, e que passaria por “tornar a testagem massiva e mais proativa” em vez de “andar atrás dos casos positivos e sintomáticos”.

O deputado disse ter deixado ainda a sugestão, na audiência com o chefe de Estado, se “não seria altura de espaçar a primeira e segunda dose da vacinação” e simplificar os critérios, de forma a conseguir uma vacinação mais rápida.

“Vamos desta vez planear o regresso ao ensino presencial? Vamos voltar a vender livros onde hoje em dia parece quase um crime, vamos voltar a dar a possibilidade às pessoas de praticarem desportos individuais, sobretudo aos mais jovens?”, questionou.

Chega

O presidente do Chega acusou hoje o Governo de andar “a correr atrás do prejuízo, sempre um passo atrás” no combate à epidemia de covid-19, e pediu “sinais” de reabertura de escolas e pequeno comércio, designadamente restaurantes.

André Ventura admitiu mesmo “rever o sentido de voto” sobre o próximo decreto presidencial de estado de emergência se o documento acautelar o desconfinamento progressivo e cuidadoso dos setores do ensino e do comércio de rua e hotelaria, em declarações aos jornalistas nos Passos Perdidos do parlamento.

O deputado único do partido da extrema-direita parlamentar votou a favor da imposição inicial do estado de emergência, absteve-se depois num segundo, terceiro e quarto momentos e votou contra nas seguintes seis ocasiões.

“Ficou claro que o Governo anda a correr atrás do prejuízo e a lutar contra esta pandemia sempre um passo atrás”, resumiu, referindo-se à 15.ª reunião do Infarmed.

“Foi aquilo para que avisamos desde início, estamos a caminhar a passos largos para o precipício [económico]. Se o Governo não vê isto a tempo, quando quisermos remediar pode já ser tarde de mais”, sublinhou Ventura.

Sobre a audiência virtual com o Presidente da República, o líder demissionário do recém-formado partido político assumiu ser “naturalmente contra”, como pensa que todos os partidos são, “um desconfinamento apressado, absoluto e imediato”.

“O que propusemos ao Presidente foi que deviam ser dados dois sinais específicos neste novo estado de emergência: reabertura do ensino e pequeno comércio, restauração e hotelaria. Não podemos ter uma abertura total e imediata, mas podemos dar um sinal de reabertura”, defendeu.

Portugal deverá continuar com o dever geral de recolhimento domiciliário e outras restrições até meados de março, afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, apesar de o pico da terceira vaga da epidemia de covid-19 já ter sido atingido em 29 de janeiro, com 1.669 casos cumulativos a 14 dias por 100 mil habitantes, com uma "tendência decrescente", segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Portugal registou hoje 203 mortes relacionadas com a covid-19 e 2.583 casos de infeção com o novo coronavirus, segundo a DGS.

A covid-19 já matou cerca de 14.500 pessoas em Portugal, entre os mais de 750 mil casos de infeção.

O novo coronavírus foi detetado pela primeira vez na China no final de 2019, e, desde então, provocou mais de 2,3 milhões de mortos em todo o mundo.

[Notícia atualizada às 20:47]