De acordo com o Financial Times, a China “deu o braço” à Rússia na oposição à futura expansão da NATO. A garantia do acordo não se estende somente a questões de suporte geoestratégico, mas também em áreas da segurança, medidas políticas e no plano económico.
Ambos os líderes de duas das principais potências bélicas da atualidade dizem opor-se “a mais alargamentos da NATO”, num comunicado conjunto enviado à imprensa pelo Kremlin a partir de Pequim, esta sexta-feira.
O contexto atual é de alta tensão: os Estados Unidos e os seus parceiros da NATO manifestaram-se contra a ameaça de uma incursão russa na Ucrânia e, neste momento, Vladimir Putin parece reforçar a sua posição com a ajuda da China. Esta união bilateral também tem em conta uma convergência de ideias no que concerne à elaboração de um acordo de abastecimento de gás natural, plano esse que não agrada à NATO. “Estamos a trabalhar em conjunto para dar vida ao verdadeiro multilateralismo”, declararam os dois chefes de Estado.
Três dias antes, como parte da sua estratégia para combater o isolamento promovido pelo Ocidente, Putin reuniu-se com Viktor Órban, líder húngaro. Descrito por Órban como uma "missão de paz" em nome da União Europeia, o chefe de Estado magiar, no entanto, firmou um acordo à revelia do posicionamento europeu para receber mais mil milhões de metros cúbicos de gás por ano.
A parceria de abastecimento com a China, todavia, faz desse acordo parecer uma ninharia. A agência Reuters garante que a Gazprom, que tem o monopólio das exportações russas de gás por oleoduto, concordou em fornecer à China National Petroleum Corporation — a maior empresa de energia estatal chinesa — 10 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano. Num sinal de distanciamento face às práticas que têm regido o comércio mundial nas últimas décadas, o negócio vai ser concluído em euros, e não em dólares, de acordo com uma fonte citada pela Reuters.
As atenções não giraram apenas em redor do presidente russo nesta cimeira, já que a China também saiu fortalecida neste encontro. Além da critica conjunta à expansão da Aliança Atlântica na Europa de Leste, à criação do bloco de segurança na região Indo-Pacífico e do pacto entre o Reino Unido, EUA e Austrália (a aliança AUKUS) – foi reforçada a ideia de “uma só China”, o que exclui, logo à partida, “todas as formas de independência de Taiwan”, acrescenta o Financial Times, baseado no comunicado feito após o encontro das duas potências.
Apesar da aproximação entre ambos os países, houve a preocupação de se manter um afastamento em áreas nas quais não há convergência de ideias, como por exemplo a abordagem russa quanto à Ucrânia — diferente de uma oposição quanto ao avanço da NATO em si —, a questão do mar Meridional chinês ou as fronteiras entre a China e a Índia.
Os meios de comunicação chineses referiram uma “amizade próxima” entre os dois líderes e citaram a opinião que Putin tem de Xi Xinping: “Ele é facilmente abordável e sincero. É uma pessoa na qual se pode confiar”, acrescentam os media chineses.
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