O jogador diz que a Coreia do Norte é um “país muito tranquilo, muito limpo, onde não há criminalidade”. “Vivo num hotel em Pyongyang ao lado da minha esposa. Vivo como vivia na Europa”, acrescenta Andersen, de 54 anos.
O jogador, que a assumiu o cargo em 2016, confessa que muitas das coisas negativas acerca do país vêm do exterior e contrastam com a situação real em Pyongyang. Ainda que no início tenha achado “um pouco estranho” receber a proposta, agora o jogador está “muito feliz” por ter aceitado o desafio.
“Os meus jogadores são simpáticos, muito trabalhadores e estão sempre motivados para treinar. Na Europa, os jogadores às vezes diziam-me: “estou cansada, não quero trabalhar hoje”, relembra o técnico, que trabalhou como treinador no Salzburg austríaco.
Apesar da motivação do treinador, a Coreia do Norte não tem tido resultados brilhantes na Taça da Ásia Oriental, contando com duas derrotas consecutivas perante o Japão e Coreia do Sul. No sábado, a equipa irá jogar contra a China.
Dentro do campo não há perigo
Num momento em que a Coreia do Norte está associada a um programa nuclear e a testes balísticos -criando assim uma tensa atmosfera que paira por toda a comunidade internacional -,Andersen diz que o desporto pode surgir como uma ponte entre países: “Na realidade não quero falar muito disso, porque o meu trabalho é ser técnico de futebol. Mas eu acredito que o desporto pode ajudar a construir pontes entre países”.
Segundo o treinador, o regime norte-coreano investe muito no desporto. Os atletas do clube têm acesso a um grande centro de treino em Pyongyang, com direito a alojamento. “Treinamos todos os dias, duas vezes ao dia como num clube. Nos fins de semana, os jogadores voltam aos seus clubes para os jogos. Acredito que é o único país do mundo que pode trabalhar assim com uma seleção”.
Sem presença na Rússia, o objetivo é o Mundial do Catar
Andersen, que passou a maior parte da carreira como jogador do Campeonato Alemão, admite que nem tudo é fácil: “o mais difícil é estar sozinho, não ter assistentes, alguém com quem possa conversar. Para além disso, eles são coreanos e eu europeu, nem sempre é a mesma forma de pensar”.
O técnico garante que ainda não recebeu instruções do líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, uma prática recorrente no país.
A Coreia do Norte conquistou o seu maior feito no futebol no Campeonato do Mundo da Inglaterra, de 1966, quando alcançou os quartos de final. Depois, só reapareceu no torneio na África do Sul em 2010.
Os norte-coreanos não vão estar no mundial na Rússia, mas “a classificação para o Mundial do Catar em 2022 é muito possível”, diz o técnico. Por enquanto, o foco está na próxima Taça da Ásia, em 2019, que vai marcar o fim do contrato de Andersen com a seleção da Coreia do Norte.
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