Segundo a UÉ, em comunicado, a equipa multidisciplinar quer “encontrar soluções para a retoma da economia assentes em evidência histórica e epidemiológica, que permita transformar a incerteza em cálculos de risco”.
O impacto da covid-19 nas vidas de todos “é globalmente reconhecido como profundamente transformador” e levará a “uma mudança estrutural” na sociedade atual, argumentou Vanessa Duarte, investigadora do Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia (CEFAGE) da UÉ.
Para “responder a este momento de incertezas”, a UÉ avança com o projeto RENASCER, coordenado por Vanessa Duarte e que reúne investigadores nas áreas do ‘Big Data’, Economia, Epidemiologia, Biologia e História.
A iniciativa foi, recentemente, apresentada ao primeiro-ministro, António Costa, “no âmbito da audição de um grupo de especialistas em Economia para a recolha de informação no âmbito do planeamento do relançamento da atividade económica nacional durante e pós-covid-19, nomeadamente do comércio e dos serviços”, explicou a academia.
O trabalho assenta na procura de “padrões que não são óbvios nos estudos mais citados, feitos para grandes catástrofes ou grandes economias”, disse a coordenadora, vincando que “pequenas variações subtis não são observáveis quando apenas se estuda um fenómeno numa só região”.
O projeto foi submetido na plataforma Science4COVID-19, iniciativa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, autoridades de Saúde e instituições de investigação de I&D públicas e privadas.
De acordo com a academia alentejana, os investigadores, a partir “da observação histórica dos impactos de outras grandes epidemias”, assinalam que, enquanto se verifica que “existe uma necessidade urgente de agir para tratar e prevenir”, se sabe “que a mudança que está a ocorrer será difícil de prever”.
Mas, recordam, também “outros choques sistémicos foram profundamente transformadores da sociedade”.
“É neste cenário que nos encontramos. Estamos a viver uma situação de incerteza”, sublinha a investigadora que, ainda assim, não duvida que é “urgente retomar a economia, regressar à rua, segurar postos de trabalho e assegurar a qualidade de vida” da população.
A “vida normal” será, frisou, “tão mais bem-sucedida, quanto o regresso à rua” da população “for bem cuidado”, alertou Vanessa Duarte, sugerindo que o regresso da economia terá “de prever não só a segurança dos agentes económicos, como ser rápido e eficaz”.
Uma análise sistemática da literatura de crises foi o ponto de partida para este grupo de investigadores, cientes de que, recorrendo a ferramentas de análise qualitativa de texto é possível “tirar muita informação” e “ir mais além”.
O objetivo da equipa é partir para uma base de dados de artigos científicos “e uma base de dados em si, muito maior, onde seja possível varrer o texto ou os dados e retirar padrões”, cruzando a “finura da análise histórica com a robustez estatística”, assumiu a UÉ.
Portugal contabiliza 854 mortos associados à covid-19 em 22.797 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
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