Por deliberação dos acionistas, o prazo de liquidação da Parque Expo foi fixado em 31 de dezembro de 2016”, lê-se numa nota enviada à Lusa por fonte do Ministério do Ambiente.
Em agosto de 2011, a ministra do Ambiente do Governo PSD/CDS-PP anunciou que a Parque Expo ia ser extinta, porque o objetivo da empresa se tinha esgotado e porque apresentava dívidas avultadas.
“É intenção do Governo fechar a Parque Expo. A decisão política está tomada. Tem a ver com a análise que está a ser feita no seio do Governo no sentido de perceber que estruturas têm razão de existir no quadro do Estado e que estruturas devem ser extintas. Tem tudo a ver com a racionalização de estruturas e despesas”, adiantou na altura Assunção Cristas.
A empresa foi criada em 1993 para construir, explorar e desmantelar a Expo‘98, tendo depois alargado as suas competências à escala nacional e internacional.
Além disso, era a responsável pela gestão urbana da agora freguesia do Parque das Nações e geria os projetos do Programa Polis em diversas cidades.
Participou em 27 projetos de reabilitação de centros históricos, como, por exemplo, em Mafra, Vila Nova de Gaia, Viseu, Évora, Marvão e na Baixa Pombalina, em Lisboa, e na recuperação ou construção de equipamentos públicos, como a Casa das Artes, no Porto, ou a Fortaleza de Sagres.
Também geriu a participação portuguesa em exposições internacionais após a Expo’98, como na exposição de Saragoça ou na de Xangai, e participado em projetos internacionais em Angola, Argélia, Brasil, Cabo Verde, Egito, Espanha, Marrocos, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Tunísia.
Em dezembro de 2010, o endividamento da Parque Expo atingia os 224,9 milhões de euros.
Entretanto, o Governo teve de decidir que solução dar aos bens da empresa, nomeadamente o Pavilhão Atlântico, o Pavilhão de Portugal, o Oceanário, a Marina e a Blueticket, que presta serviços relacionados com a bilhética.
Tinha ainda participações minoritárias em outras empresas, como a que explora a Gare do Oriente, uma outra que constrói e faz manutenção de teleféricos e duas de promoção, desenvolvimento e construção imobiliária.
O Pavilhão Atlântico foi vendido ao grupo Arena Atlântida, que o batizou de Meo Arena, e o Oceanário concessionado à Sociedade Francisco Manuel dos Santos (SFMS) por 30 anos.
Para pagar parte da dívida, a Parque Expo entregou também o Pavilhão de Portugal ao Estado, que posteriormente o entregou a título definitivo à Universidade de Lisboa.
No âmbito desta extinção, foram eliminados 161 empregos, através da rescisão de contratos por mútuo acordo ou do recurso ao despedimento coletivo.
Moradores elogiam gestão da Parque Expo
Cinco anos depois do anúncio do fim da Parque Expo, os moradores no Parque das Nações, em Lisboa, lamentam que não se tenha dado seguimento ao trabalho desenvolvido pela empresa na gestão urbana daquele bairro.
Numa visita guiada, a presidente da associação de moradores "A Cidade Imaginada Parque das Nações” (ACIPN), Célia Simões, e um dos dirigentes, Carlos Ardisson, disseram à Lusa que a manutenção dos espaços verdes do bairro está “muito pior” e que “não tem comparação” com o trabalho desenvolvido pela empresa pública.
Com o início do processo de extinção da Parque Expo, a gestão urbana do Parque das Nações passou para a Câmara de Lisboa e, posteriormente, para a Junta de Freguesia, que merece muitas críticas por parte dos moradores.
Para justificar a sua posição, os responsáveis da ACIPN deram o exemplo das azinheiras ao longo da Avenida dos Oceanos: “Das 282 azinheiras, em setembro 181 estavam mortas, 33 aparentemente saudáveis e as restantes doentes”.
“A Junta de Freguesia disse que as árvores morreram com uma doença. A Parque Expo fazia um tratamento [preventivo] duas vezes por ano. A Junta não continuou o tratamento”, explicou Carlos Ardisson à Lusa.
Além das azinheiras, os moradores queixam-se também que as palmeiras só começaram a receber tratamentos preventivos quando começaram a morrer, os jardins deixaram de ser regados durante meses e há peças que ornamentam o parque danificadas e sem trabalhos de recuperação.
“Se calhar, agora a situação está um bocadinho melhor, porque para o ano há eleições”, disse Célia Simões, acrescentando que a Parque Expo tinha “72 jardineiros diariamente a trabalhar e as coisas estavam impecáveis”.
Pelas contas de Carlos Ardisson, o contrato de 90 mil euros/ano para a manutenção de todos os espaços verdes que a Junta de Freguesia celebrou com uma empresa “mal dá para dez jardineiros”.
A iluminação do parque é, também, alvo de críticas, seja por estarem muitas lâmpadas desligadas ou avariadas, seja porque foram mudados muitos candeeiros.
“Todo o espaço foi pensado em torno da iluminação. Quem nos visse da ponte [Vasco da Gama] parecia que estávamos sempre em festa. Com a Parque Expo funcionava tudo. Desde que passou para a Câmara e para a Junta [a iluminação] passou a ter muitos problemas”, frisou Célia Simões, acrescentado que “no Passadiço da Doca as luzes estão todas avariadas. À noite é uma escuridão”.
Outra mudança que não compreendem ocorreu no Jardim da Música, onde durante 15 anos estiveram expostos e a funcionar equipamentos de madeira, que “foram substituídos logo quando a Junta de Freguesia assumiu a gestão urbana”.
“Disseram que a manutenção era muito cara e que eram impróprios para o exterior”, disse Carlos Ardisson.
Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, José Moreno (PNPN), disse que os espaços verdes degradaram-se porque estiveram muito tempo sem intervenção entre a passagem da gestão da Parque Expo e a entrada em funções da Junta.
"De algum modo, isto foi terra de ninguém durante um período. Ninguém fez nada e tudo isto foi caindo. Além disso, o espaço público vai acusando o desgaste natural: os decks de madeira vão apodrecendo, as bombas de água dos vulcões vão entrando em falência e os sistemas de rega, ao fim de 18 anos, vão falindo", afirmou o autarca, acrescentando que a Junta está a tratar da recuperação do espaço público e que, "em meados de 2017, tudo estará pronto".
José Moreno frisou que “não há motivos para a preocupação de ninguém”, porque “está tudo controlado e o pouco que falta será feito ao longo destes meses de inverno”.
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