Segundo Hernâni Marinho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual, esta é a quarta greve no último ano destes trabalhadores para reivindicar “um aumento salarial, condições dignas de trabalho e a integração efetiva nos quadros da PT”.
A adesão à greve “ultrapassa os 80% a nível nacional”, disse, acrescentando que, para além do Porto, onde pelas 12:00 estavam concentrados à porta da PT-MEO cerca de 30 trabalhadores, estão previstas concentrações em “Santo Tirso, Coimbra, Castelo Branco e nalgumas lojas no país”.
Também presente no local, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, criticou a existência de empresas de trabalho temporário, como a Manpower, quando “o que que faz sentido é os trabalhadores passarem para o quadro da PT”.
“O Governo tem de ver que ‘call center’ como o que temos aqui e noutros locais espalhados pelo país são inadmissíveis”, destacou Arménio Carlos, acrescentando que os trabalhadores “estão a fazer um serviço permanente,” mas “entregues a empresas de trabalho temporário, que servem de intermediários, que servem para explorar quem trabalha e, simultaneamente, para fazer negócio e aumentar os lucros das grandes empresas”.
Para o secretário-geral da CGTP, “locais de trabalho como estes e outros espalhados pelo país, que têm serviço permanente, têm de ter como correspondência vínculos de trabalho efetivos e ligação dos trabalhadores à empresa-mãe”, chamem-se elas “PT, Vodafone ou Fidelidade”.
“É isto que tem que ser feito e é isto que vamos continuar a lutar para que se concretize”, disse.
Arménio Carlos destacou que a CGTP estará sempre disponível “para apoiar os trabalhadores da PT e da Manpower” e fá-lo “com a consciência de que [os trabalhadores] estão a dar um grande exemplo de dignidade, mas simultaneamente de exigência de resposta a reivindicações que são fundamentais, como a estabilidade do emprego e melhoria dos seus salários e condições de vida”.
“Estão também a transmitir à sociedade portuguesa uma subversão clara da lei: o que há aqui é trabalho permanente, não é trabalho temporário”, vincou, apelando para a participação de todos os trabalhadores em situação idêntica na manifestação promovida pela CGTP para sábado, em Lisboa.
“O que nós constatamos é que há um crescimento da economia, mas não há uma correspondência do ponto de vista da atualização dos salários e da distribuição da empresa. O que nós constatamos é que há criação de emprego, mas a esmagadora maioria dele é precária para ocupar postos de trabalho permanentes. E também [constatamos] que a legislação laboral, a tal que está na origem das desigualdades e do empobrecimento, continua intocável e continua a ser a causa dos problemas que estes trabalhadores e muitos outros a nível nacional se continuam a confrontar”, frisou.
Para o secretário-geral, “é muito importante que no sábado [os trabalhadores] façam ouvir a sua voz, em Lisboa, porque hoje, mais do que nunca, é preciso dizer a quem está no poder político que o povo é quem mais ordena”.
O sindicalista Hernâni Marinho garantiu que “a luta vai continuar”, porque estes trabalhadores são “pagos com o salário mínimo nacional, que é pago a trabalho não qualificado, que não é o caso”, e porque exigem “condições dignas de trabalho”, já que “continua a verificar-se que não há respeito e sistematicamente a [empresa está a] transgredir a legislação de trabalho”.
O sindicalista exemplificou o caso de trabalhadores que têm “horários diferentes todos os dias”, o que os impede de “conciliar vida familiar com profissional”, criticando em especial “os horários maratona” atribuídos.
“Há trabalhadores que cumprem “das 09:00 às 18:00, descansam [depois] meia dúzia de horas e regressam às 00:00 para trabalhar até às 12:00. Isto é crime, é ilegal e desumano”, concluiu.
De acordo com o sindicato, atualmente na PT-MEO existem mais de 500 mil trabalhadores em regime de prestação de serviço, muitos destes há mais de 15 anos consecutivos.
A Lusa contactou a Manpower, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
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