Precisamos de ter um Governo que funcione e uma Assembleia da República que faça o seu papel. Não se passou um cheque em branco a António Costa. Maioria absoluta não significa despotismo. Em democracia – e o primeiro-ministro lutou para vivermos em democracia na sua juventude, é filho de Maria Antónia Palla e Orlando da Costa, duas personalidades democráticas e antifascistas –, não há cá “faz-se porque eu quero”.
O que um primeiro-ministro pode e deve fazer é manter o equilíbrio das coisas, dialogar, reformar, perceber outros pontos de vista no exercício da democracia. E a Oposição deve ser forte, deve ser estruturada, sólida e bem preparada. Só assim pode manter o Governo no carril. E acredito que o Governo tem de entender que as instituições e as pessoas, seja no Parlamento seja na Presidência da República, têm o direito de fiscalizar acções, medidas, reformas.
Uma das maiores perplexidades que me assalta é quando percebo que continuidade não é um mote político. Deveria ser. Aceitar que alguém, de um outro partido, implementou uma medida boa seria de aplaudir, e não refutar só porque sim. Não deveríamos cascar só porque sim, deveríamos cascar quando faz sentido, quando permite promover algo melhor. Caso contrário, ficamos na queixa e na teima e o resultado está à vista. Quem se queixou e teimou viu-se fragilizado. Outros nem por isso.
A terceira força política em Portugal é composta por eleitores que acreditam no racismo, na homofobia e outras coisas igualmente assustadoras que desvirtuam tudo aquilo que a democracia pode e deve representar. Acho que o voto neste partido é como ter porcos a votar em homens que vendem bacon. Quem não percebeu foi porque não quis.
Além disto, o CDS morreu, o que não deixa de ser uma morte anunciada. O mote era Pelas Mesmas Razões de Sempre. Não tenho nada a dizer senão isto: lamento, mas o número para o qual ligou não tem voicemail activo.
A democracia precisa de ideias fortes, de concretizações eficazes. Não precisa de birras. Como se diz em Espanha, seguimos.
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