Impressionante: o palmarés de Portugal não pára de aumentar. Depois de termos estado entre os melhores do Mundo a combater a pandemia na primeira vaga, e de termos sido os incontestáveis campeões de Inverno no que toca à gravidade da terceira vaga, os portugueses voltam a não dar hipóteses à concorrência no que toca a confinar. Quem o diz é o virologista Pedro Simas, que sinaliza o decréscimo abrupto dos novos casos. Segundo o especialista, a adesão em massa ao confinamento total valeu-nos a conquista deste triplete, naquilo que é uma demonstração clara de hegemonia pandémica.

Aparentemente, a nossa abordagem à pandemia terá francas semelhanças à nossa abordagem a finais de campeonatos europeus de futebol. Das duas uma, ou perdemos em casa com a Grécia - com Figo e Ronaldo na mesma equipa -, ou ganhamos em pleno Stade de France com um chutão do Éder. Ou seja, ou fracassamos devido à confiança desmedida quando temos tudo para vencer; ou vencemos de forma inaudita quando todos predizem um humilhante desaire.

Tal como o futebol, a pandemia é o momento. E o que se tem pedido ao longo do último ano é muito exigente do ponto de vista da inteligência emocional: refrear o entusiasmo quando as coisas parecem entusiasmantes e não dar tudo como perdido quando nada parece ter salvação. Por exemplo, os números desta terça-feira são animadores. A questão é que não nos podemos animar em demasia. O problema com as vitórias nestas grandes competições do combate à pandemia é que nos apetece ir festejar assim que sabemos do resultado. Só que foi precisamente a inegociável necessidade de participar em festividades que nos fez descer de divisão em dezembro.

Nada contra pequenas vitórias, mas talvez a hipótese mais ponderada fosse ligar para a gráfica a cancelar a nota de encomenda das faixas de campeão. Só poderemos ir para o Marquês quando formos excluídos destas competições através da vacinação. Precisamos de ser campeões imunes para sermos campeões invictos. As coisas com o sargentão Scolari podiam ter corrido melhor, esperemos que o vice-almirantão Gouveia e Melo saiba galvanizar o país a conseguir vacinar 70% da população até ao fim do Verão. Até lá, o melhor é mesmo jogar para o empate.

Recomendações

Esta canção, que me parece apropriada ao momento.