Um novo regresso às aulas. Longe das escolas, mas mais perto de controlar a pandemia
Do 1.º ano ao 12.º, hoje foi o dia de retomar as atividades letivas depois de duas semanas de pausa, mas na maioria dos casos o “regresso” será feito à distância.
Depois do encerramento das escolas em março, os alunos voltam a trocar as salas de aula pelas divisões das suas casas por tempo indefinido.
Os conteúdos do #EstudoEmCasa para o Ensino Secundário chegaram também à televisão, de segunda a sexta-feira, pelo que além de estarem disponíveis na RTP Play, vão passar a estar acessíveis na posição 8 da televisão digital terrestre (TDT) e na posição 444 das operadoras por cabo.
No entanto, neste primeiro dia de ensino à distância nem tudo foi positivo. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) denunciou, através de uma comunicação à secretária de Estado da Educação, situações de docentes que têm sido obrigados pelas instituições a cumprir o "teletrabalho" nas instalações escolares e alerta que várias escolas apenas atribuem equipamentos aos professores "se o docente permanecer nas suas instalações”, o que consideram “errado e contrário ao espírito da lei” que determina o dever de confinamento.
O regresso às aulas foi também marcado pela visita do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, a uma escola em São Brás de Alportel, no Algarve, durante a qual destacou que “voltar à escola é uma urgência” e que nada substitui o ensino presencial.
O responsável pela tutela recordou a importância de conseguir sinalizar os alunos que não têm condições em casa para se manter no ensino à distância, por forma a que as escolas consigam dar resposta a estas situações.
Para minimizar algumas das dificuldades, sobretudo no acesso a computadores, o Governo comprometeu-se com a distribuição de mais 335 mil computadores, ao longo do 2.º período, além da compra de outros 15 mil ainda sem data prevista, além dos 100 mil que já foram entregues em novembro.
Durante a visita, o ministro da educação elogiou também a mobilização de muitas autarquias que distribuíram milhares de computadores aos alunos, considerando que o balanço do ensino à distância é positivo.
Sobre uma possível data de regresso às aulas, Tiago Brandão Rodrigues não quis fazer previsões, mas assegurou que a prioridade é que o ensino presencial deverá regressar assim que possível, dependendo da opinião dos epidemiologistas.
O encerramento das escolas foi, para o virologista Pedro Simas, determinante para a inflexão da curva de crescimento que o País tem verificado.
“O encerramento das escolas foi determinante porque é uma mensagem clara para a sociedade portuguesa. Quando se fecha as escolas é porque o assunto é sério “, afirmou, explicando que o facto de ter escolas abertas implicava muito movimento dos adultos.
Depois de ontem, o virologista afirmar que Portugal está a ter uma redução abrupta no número de novos contágios, resultante do confinamento, que poderá colocar o país entre um dos melhores do mundo a controlar a terceira vaga da pandemia, a tendência hoje mantém-se.
Efetivamente, a menos de um mês de se completar um ano da identificação do primeiro caso de covid-19 em Portugal, o país registou hoje 2.505 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o número mais baixo desde 28 de dezembro. Por sua vez, os óbitos relacionados com a covid-19 ficaram pela primeira vez, nas últimas três semanas, abaixo dos 200, tendo-se registado 196 portes. Também o número de internamentos foi mais baixo das últimas semanas, mais 96, dos quais 12 se encontram em unidades de cuidados intensivos.
Desde o inicio de fevereiro (1 de fevereiro e hoje) foram registados 47.403 novos casos de novas infeções, enquanto de 25 a 31 de janeiro o valor foi de 84.326, o que representa a uma redução na ordem dos 56,2%.
Além da redução de novos casos, os números divulgados diariamente pela Direção-Geral de Saúde indicam que nos últimos oito dias Portugal registou uma descida acima dos 20% do número de casos ativos - a 1 de fevereiro Portugal tinham 179.180 casos ativos e uma semana depois passou para os 140.644 casos.
Segundo os números do ‘site’ estatístico Our World in Data, Portugal deixou de ser o país com mais novos contágios por milhão de habitantes nos últimos sete dias. Quanto à média diária de mortes por milhão de habitantes, continua no topo da lista, com 20 novos óbitos diários por milhão.
Há que ressalvar, no entanto, que os valores relativos ao fim de semana são, por norma, mais baixos, mas mesmo assim, os dados de hoje confirmam a tendência das últimas semanas.
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