Em declarações à agência Lusa, o editor responsável desta editora do grupo Bertrand/Círculo, Rui Couceiro, afirmou que o projeto Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa visa, sobretudo, "figuras ligadas ao século XX", sem no entanto deixar para trás outras personalidades, e destacou à Lusa a característica particular do projeto, de serem maioritariamente feitas por escritores, para que estas obras "não sejam meros repositórios de factos por ordem cronológica".
Esta segunda série inclui as biografias de Luís Vaz de Camões, por Isabel Rio Novo, do rei João V, por Pedro Sena-Lino, do cientista António Egas Moniz, por Paulo M. Morais, dos escritores Maria Teresa Horta, por Patrícia Reis, e Manuel António Pina, por Álvaro Magalhães, e do artista e escritor José Almada Negreiros, por Joana Bértholo.
"A primeira a ser publicada será a de Manuel António Pina, já em setembro", disse Couceiro. "Trata-se de um livro que por certo vai deixar muito entusiasmados os milhares de leitores e fãs deste poeta de culto, Prémio Camões em 2011, e muito bem escrita, por um autor por vezes não tão considerado como devia, por escrever sobretudo para crianças, que é o Álvaro Magalhães, dono de um talento formidável", acrescentou o editor.
Os novos títulos, anunciados hoje, começam a ser publicados quando alguns da primeira série ainda não chegaram às livrarias, como acontece com as biografias de Amália Rodrigues, por Filipa Melo, de Natália Correia, por Filipa Martins, e a de Herberto Helder, por João Pedro George.
Da primeira série, anunciada em outubro de 2018, na Biblioteca Nacional de Portugal, foram publicadas as biografias de Agustina Bessa-Luís, por Isabel Rio Novo, Manoel de Oliveira, por Paulo José Mirand, e a de José Cardoso Pires, por Bruno Vieira Amaral, que é agora publicada.
Em declarações à Lusa, Rui Couceiro garantiu que vai "certamente anunciar mais biografias nos próximos anos".
"Tenho conversado com autores, tanto por minha vontade, como por iniciativa dos próprios, e haverá novidades. Há ainda muita gente importante que quero ver biografada. E o reforço desta aposta que agora tornamos público é sinal claro disso mesmo", afirmou à Lusa.
"Na Contraponto, acreditamos muito na importância do trabalho que estamos a fazer com estas biografias, tanto no domínio histórico-cultural, como no campo literário", acrescentou.
Questionado sobre a escolha de escritores para fazerem as biografias e não ensaístas ou historiadores, Rui Couceiro explicou: "Esse é justamente um dos dois princípios basilares destas coleções: o primeiro consiste em biografar grandes figuras; o segundo, em fazê-lo através do talento de escritores, de ficcionistas".
"Estou convicto - e já temos tido provas disso com os livros já publicados - de que isso conseguirá ajudar a afirmar o género biográfico, no qual acredito muito, em Portugal. A notoriedade dos biografados e a qualidade da prosa dos biógrafos motivam muita gente a comprar estes livros e muitas dessas pessoas nunca tinham lido uma biografia. Estas coleções querem, por isso, constituir portas de entrada para o género biográfico. Até porque, depois destas grandes figuras, ainda teremos muito para fazer neste domínio. Ideias não nos faltam", acrecentou.
Algumas biografias têm suscitado interesse além-fronteiras, como referiu à Lusa Rui Couceiro.
"Houve vários contactos [do estrangeiro] a propósito da biografia de Manoel de Oliveira, da autoria de Paulo José Miranda, mas infelizmente ainda nenhum se concretizou. Também houve interesse de uma grande editora brasileira na biografia de Marquês de Pombal, de Pedro Sena-Lino, mas a pandemia afrouxou-lhes as intenções. Espero que em breve se possa concretizar".
Relativamente aos seis títulos hoje anunciados, Rui Couceiro disse: "A de D. João V foi uma sugestão de Pedro Sena-Lino, autor do grande sucesso 'De Quase Nada a Quase Rei - Biografia de Sebastião de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal', já em quarta edição; a de Maria Teresa Horta foi uma sugestão de Patrícia Reis, que, por apreciar muito o seu trabalho, eu havia desafiado a escrever uma biografia. Os restantes biografados integravam a minha lista de figuras a biografar e foram propostas que fiz aos biógrafos".
Maria Teresa Horta é a única biografada que está viva "e recomenda-se". Segundo Rui Couceiro, "está a colaborar intensamente na biografia que a Patrícia Reis está a escrever e que vai certamente abalar o meio literário e cultural, para não dizer mesmo o país".
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