Em declarações aos jornalistas à passagem da manifestação do 1.º de Maio organizada pela CGTP, Jerónimo de Sousa considerou que as razões e objetivos desta marcha “têm grande atualidade e importância”.
“Esta grande manifestação tem como objetivo a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a questão fundamental da valorização dos salários e pensões, dos profissionais de saúde, da escola pública e dos pequenos e médios empresários”, destacou.
Jerónimo de Sousa assegurou que “em relação a esses objetivos o PCP fará tudo para conseguir essa valorização que é devida aos trabalhadores”
O secretário-geral do PCP admitiu que será “difícil” introduzir muitas alterações no Orçamento do Estado já aprovado na generalidade e, questionado se essa luta poderá passar por mais manifestações na rua, respondeu afirmativamente.
“É evidente que a melhor resposta será a da luta dos trabalhadores, podem contar com solidariedade do PCP”, disse.
Jerónimo de Sousa, que no final das declarações aos jornalistas foi aplaudido por pessoas que estavam próximas enquanto passava a manifestação da CGTP em Lisboa, foi questionado sobre as propostas que irá apresentar na discussão na especialidade do Orçamento do estado.
“Já apresentámos um conjunto de propostas, mas existe uma dificuldade objetiva: o Governo apresentou uma proposta de Orçamento que correspondia ao que tinha levado às eleições”, apontou.
No entanto, Jerónimo de Sousa fez questão de destacar que “além da pandemia, das sanções, da guerra”, são “os aumentos de preços, incluindo no plano alimentar, que preocupam os portugueses”.
“Então como é que isso se resolver? Não é com subsídios aqui ou acolá, resolve-se com a valorização dos salários, dos trabalhadores”, defendeu.
Questionado se concorda com o BE, que no sábado acusou o PS de ter fechado “em definitivo o breve parêntesis aberto com a geringonça”, o secretário-geral comunista admitiu que “não foi nenhuma surpresa” o objetivo de o Governo socialista conseguir a maioria absoluta para poder “desvalorizar estas questões que levaram o PCP a tomar a posição que tomou”, de votar contra em outubro a proposta de Orçamento, o que acabou por resultar em eleições antecipadas.
“Em Portugal existe este fenómeno de trabalhar e empobrecer ao mesmo tempo, não pode ser”, lamentou.
O Dia do Trabalhador comemora-se hoje por todo o país com a CGTP a promover iniciativas em mais de 31 localidades do país e a UGT um debate sobre os desafios do mundo laboral, em Lisboa.
Nos últimos dois anos, devido às restrições relativas à pandemia da covid-19, a CGTP não desistiu de assinalar a data na Alameda, embora apenas com cerca de um milhar de manifestantes, devidamente distanciados.
Este ano, a Intersindical volta a fazer o tradicional desfile na capital, a partir da praça do Martim Moniz até à Alameda, onde ocorre o comício sindical, assim como a manifestação do Porto, na Avenida dos Aliados.
O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 136 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.
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