Depois de muitos milhares de peregrinos terem participado na última noite na procissão de velas e na celebração da palavra, para hoje é esperado um grande número de fiéis, tendo em conta o dia de domingo.

Nesta peregrinação, o santuário regista a presença de 181 grupos organizados de fiéis oriundos de 31 países.

Estes 181 grupos congregam perto de 7.500 peregrinos, que vêm desde Portugal ao Vietname, passando por países como Espanha, Itália, Áustria, Croácia, Brasil, Canadá, China ou Indonésia.

O país com mais grupos inscritos nos serviços do Santuário de Fátima é a Itália, com 28 grupos, seguindo-se os Estados Unidos, com 23 grupos, e Portugal e Polónia, com 22.

No âmbito da assistência aos peregrinos, a Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima anunciou que, até às 20:00 de sábado tinham sido atendidos 93 peregrinos no lava-pés e 78 no posto médico.

As cerimónias começaram às 21:30 de sábado, com recitação do terço na Capelinha das Aparições, seguida de procissão das velas e celebração da palavra. A partir da meia-noite decorreu uma vigília de oração, com os peregrinos a serem chamados às 09:30 de domingo, para o terço e, a partir das 10:00, a procissão para o altar, missa, bênção dos doentes e procissão do adeus.

Na noite de sábado, o Santuário de Fátima estimou a presença total de cerca de 180 mil peregrinos no recinto.

Amazónia presente em Fátima. “Vieram os que sofrem com a falta de chuva, com a seca dos igarapés e a falta de navegabilidade dos rios amazónicos”

A diocese do cardeal Steiner, em plena Amazónia, deve continuar a marcar presença nas cerimónias, depois de, ontem, o prelado ter lembrado os povos indígenas que sofrem com a falta de chuva ou a desflorestação.

Perante dezenas de milhares de pessoas presentes no santuário para as cerimónias de início da peregrinação de 12 e 13 de outubro à Cova da Iria, o prelado disse ter trazido no coração “as comunidades da Amazónia, os povos indígenas, as comunidades ribeirinhas”.

“Vieram os que sofrem com a falta de chuva, com a seca dos igarapés [nome popular utilizado na Amazónia para descrever um curso de água relativamente estreito e pouco profundo] e a falta de navegabilidade dos rios amazónicos”, afirmou o cardeal Steiner.

Na homilia da Celebração da Palavra, no altar do santuário, o cardeal brasileiro sublinhou que, com o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, veio de Roma, onde participa no sínodo dos bispos, propositadamente para a peregrinação.

Sobre o sínodo, pelo qual pediu que se rezasse, frisou o objetivo da sinodalidade, o “caminhar juntos”.

“Como estarmos todos a caminho, como a caminho juntos sermos anunciadores e anunciadoras da verdade e da liberdade, do amor atrativo e gratuito. Sermos uma comunidade de fé que caminha com Jesus sob a proteção da Virgem. Sermos comunidades que sabem acolher a todos, para que ninguém fique à margem, principalmente os pobres e os migrantes, ninguém se perca”, desejou.

A presença de Leonardo Steiner em Fátima foi hoje concretizada após várias tentativas sem sucesso.

Na conferência de imprensa antes das cerimónias da peregrinação internacional aniversária, o prelado contou que, quando era frade, “não havia possibilidade de viajar” e precisava da licença do provincial para se deslocar à Europa e posteriormente houve quatro marcações, mas não se concretizaram.

“Ainda o ano passado era para ter vindo e também não deu certo”, disse aos jornalistas.

Leonardo Steiner e José Ornelas regressam domingo a Roma, para continuar a participação no Sínodo dos Bispos, que decorre até 27 de outubro.