Pelas 15:30, milhares de pessoas começaram a descer a Avenida da Liberdade, com destino aos Restauradores.

Em declarações aos jornalistas, à cabeça do desfile e dentro de um espaço limitado por uma faixa vermelha organizado pela comissão promotora, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, desvalorizou a polémica que se instalou esta semana, depois de os partidos IL e Volt terem dito não terem autorização da comissão promotora para participar no desfile.

“Não acho que esta data seja suscetível de ‘fait divers’ e sobretudo de guerras, esta é uma data de união”, defendeu Ana Catarina Mendes.

A líder parlamentar socialista frisou que “hoje é dia de celebração” e que o 25 de Abril é uma festa de “todo o povo português, pela democracia, pela liberdade”.

“A democracia custou muito a conquistar, precisar de ser todos os dias regada e passarmos às novas gerações a ideia de que Portugal um todo e que, dentro das nossas divergências, podemos convergir no que é maior”, disse.

Ana Catarina Mendes recusou ainda as críticas de que haveria uma “esquerda sectária” dona do 25 de Abril, salientando que foi na perspetiva de que esta data “é de todos” que o PS contribuiu ao longo de 47 anos para a sua consolidação.

Poucos metros ao lado, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, também falou neste espaço mais reservado aos jornalistas, ao contrário da coordenadora do BE, Catarina Martins, que fez declarações ao lado do desfile.

“Gosto sempre de ir na manifestação com toda a gente, é o meu lugar normal de todos os anos”, justificou.

Quanto à polémica que antecedeu o desfile, a líder do BE considerou que “querer fazer um caso à volta dos festejos populares do 25 de Abril não tem sentido nenhum”.

“Todos sabemos que a Avenida da Liberdade é de todas as pessoas que têm compromisso sério com ao liberdade, com o 25 de Abril e a sua promessa de igualdade”, defendeu, considerando que tal passa pelo SNS, pela escola pública e pela Segurança Social para todos.

Catarina Martins prestou homenagem aos que fizeram o 25 de Abril e frisou que “este é o dia de quem construir a liberdade por inteiro”.

Também o secretário-geral, Jerónimo de Sousa, afirmou que o desfile de hoje “vai para lá de qualquer polémica estéril”.

“Olhando para a frente e para trás, sinto uma imensa alegria ao fim de 47 anos vendo que o povo saiu à rua, mas sobretudo que os jovens saíram à rua”, disse.

O líder comunista disse que há muitos jovens a defender os valores de abril “mesmo quando não lhes chama assim”, quando defendem o direito ao ensino, de não terem um vínculo precário.

“Então abril está vivo e o povo correspondeu (…) Podemos acreditar que a demo tem futuro em Portugal”, disse.

Quanto às críticas de que a esquerda quereria tomar do 25 de Abril, Jerónimo de Sousa considerou partirem de uma “conceção inaceitável”.

“Há muitas décadas que existe este desfile, existe uma comissão promotora, que tem responsabilidade de organizar e garantir o bom funcionamento, mas é aberto à participação de todos. Todos cabem aqui”, assegurou.

“Quem é dono desta manifestação é abril”, frisou.

O desfile que celebra o 25 de Abril de 1974 regressou hoje à Avenida da Liberdade, em Lisboa - no ano passado foi cancelado -, mas pela primeira vez não será o único, depois de uma polémica que levou a Iniciativa Liberal a organizar uma iniciativa autónoma.

A discórdia instaurou-se depois de a comissão promotora do desfile que assinala a Revolução dos Cravos ter negado a participação da Iniciativa Liberal e do Volt Portugal no evento, decisão defendida pelo contexto pandémico, mas que gerou polémica, levando posteriormente à abertura da celebração a todos os interessados, desde que cumpridas as regras sanitárias.

A comissão esclareceu que a opção de realizar este ano, “não uma manifestação popular”, mas “um desfile comemorativo, com grande limitação do número de participantes”, teve como objetivo garantir o cumprimento das medidas e recomendações de saúde pública e “nunca, qualquer sentimento de sectarismo ideológico”.

No entanto, a Iniciativa Liberal, que já tinha anunciado a sua intenção de realizar um desfile próprio antes da abertura por parte dos organizadores, manteve a sua decisão, considerando que a mudança de posição da comissão foi “tardia” e só surgiu porque a decisão “sectária” inicial foi fortemente criticada.

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