Nos primeiros dias de janeiro de 2024, o restaurante Bota Alta, sito na Travessa da Queimada, n.º 37, no Bairro Alto, em Lisboa, não voltará a abrir a cozinha depois de 47 anos de portas abertas. O anúncio foi feito na passada quinta-feira, nas redes sociais.
Por Paulo Cassiano, sobrinho do fundador e atual gerente do restaurante que foi palco de filmagens do filme “Variações” e que segundo rezam as crónicas foi neste espaço que António Variações anunciou ao mundo que iria ser cantor.
“Apenas hoje me dirijo a vós porque ainda me custa a acreditar que o Bota Alta fechou! Foram anos de muito trabalho, mas sobretudo de muitas alegrias conquistadas através de laços de amizade que criei com clientes que agora chamo amigos”, escreveu nas redes sociais.
As razões para o encerramento prendem-se com o contrato de arrendamento proposto. “Conseguimos ultrapassar várias crises, nomeadamente o Covid, época em que continuamos sempre a pagar a renda e foram mantidos todos os funcionários. A última crise chama-se Bairraltimo na pessoa de Francisco Guimarāes - que aumentou a nossa renda mensal de 1.300€ para 11.000€! É mesmo verdade 11.000€”, detalhou.
Relembrando que o Bota Alta era “Loja com História”, considerou ser “lamentável não haver nenhuma legislação para regulamentar o valor das rendas. É muito triste a câmara municipal de Lisboa não intervir”, atirou o último dono deste estabelecimento histórico, mais um, a fechar portas na capital portuguesa, numa lista onde consta a loja a Vida Portuguesa, a livraria Ferin, a barbearia Campos e a Casa Chineza.
Num desfecho há muito esperado, o último grito de salvação ecoou em forma de petição pública dirigida ao Presidente da câmara municipal de Lisboa.
“Local de encontro para muitas gerações de lisboetas e visitantes estrangeiros” é “um dos poucos restaurantes históricos que ainda existem na cidade”, lê-se no documento. “A sua possível perda seria um golpe para todos aqueles que apreciam a história e cultura de Lisboa”, reforça a mesma petição que encontrou resposta na assinatura de 487 pessoas (à data do artigo).
"Tenho pena, muita pena de fechar, assim como tenho pena do Bairro Alto e desta Lisboa que está a fechar", rematou Paulo Cassiano na carta digital de despedida.
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