
O panorama não é animador para o ensino universitário português, de acordo o ranking mais conceituado a nível mundial. Segundo os especialistas, Portugal está a ter dificuldades em competir com rivais em todo o mundo, com mais de três quartos das universidades portuguesas a perderem prestígio. No top 2000, apenas três universidades de Portugal melhoraram em relação ao ano passado, com dez a descerem no ranking, sendo que o principal fator apontado para o declínio das universidades portuguesas seja o desempenho da investigação, em plena concorrência global intensificada de instituições bem financiadas.
“Com treze universidades portuguesas no ranking, Portugal está bem representado entre as melhores universidades do mundo. No entanto, o que é alarmante é a queda das instituições académicas do país devido ao enfraquecimento do desempenho da investigação e ao limitado apoio financeiro do governo. Enquanto vários países colocam o desenvolvimento da educação e da ciência em alta nas suas agendas, Portugal luta para acompanhar o ritmo. Sem um financiamento e um planeamento estratégico mais robustos, Portugal corre o risco de ficar ainda mais para trás no panorama académico global em rápida evolução”, diz Nadim Mahassen, Presidente do Center for World University Rankings.
A Universidade de Lisboa continua a ser a melhor posicionada, tal como nos últimos anos, ainda assim em 2025 desceu sete posições, para 218º, com “quebras na qualidade do ensino, na empregabilidade, na qualidade do corpo docente e nos indicadores de investigação”.
"Enquanto vários países colocam o desenvolvimento da educação e da ciência em alta nas suas agendas, Portugal luta para acompanhar o ritmo"Nadim Mahassen
Por sua vez, a Universidade do Porto sobe cinco posições para a 302. ª posição, enquanto a Universidade de Coimbra desce sete posições para a 449. ª, à frente da Universidade NOVA de Lisboa, na 534. ª posição, e da Universidade de Aveiro, na 601. O top ten português é completado pela Universidade do Minho (641), Universidade do Algarve (1411), Universidade da Beira Interior (1465), Instituto Politécnico do Porto (1587) e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (1589), com o ISCTE (1599), Universidade Católica (1660) e a Universidade de Évora (1737) a fixarem a lista das 13 entidades presentes neste ranking.
Comparativamente aos últimos dez anos, esta é a maior queda em termos de reputação das universidades portuguesas. Em 2018, por exemplo, todas as universidades presentes no ranking tiveram o melhor ano de sempre, mas desde então para cá a queda tem sido gradual, sendo que este ano, 2025, foi o pior ano desde 2012, quando o ranking se tornou oficial.
O SAPO24 entrou em contato com o Ministério da Educação para conseguir uma reação ao ranking deste ano e à análise do CWUR, sobre a falta de investimento, mas não obteve qualquer resposta.
O investimento governamental tem de ser o caminho

“Limitado apoio financeiro do governo”. Esta é uma das constatações que a CWUR fez ao analisar a realidade portuguesa e a consequente queda das universidades nacionais neste ranking mundial. Esta observação, sobre a falta de apoio governamental, também foi feita um pouco a nível global, onde apenas a China fugirá desta realidade.
"Com a extraordinária ascensão das instituições chinesas, as universidades do mundo ocidental não se podem dar ao luxo de ficar paradas e acomodarem-se sobre os louros"
A universidade que continua a liderar este ranking é a de Harvard, nos Estados Unidos, mas a CWUR também critica o que se passa nos EUA, elogiando, por sua vez, o que tem sido feito na China.
“Numa altura em que as universidades chinesas colhem os frutos de anos de generoso apoio financeiro governamental, as instituições americanas enfrentam cortes no financiamento federal e disputas sobre a liberdade académica e de expressão. Com os Estados Unidos ultrapassados pela China como o país com mais representantes no ranking, a sua reputação no setor global do ensino superior está seriamente ameaçada”, refere Nadim Mahassen, salientando que os estabelecimentos ocidentais não se podem dar “ao luxo” de ficarem paradas.
“O declínio acentuado das universidades americanas é paralelo ao das instituições do Japão, França e Alemanha, enquanto as universidades do Reino Unido e da Rússia tiveram um desempenho apenas ligeiramente melhor. Com a extraordinária ascensão das instituições chinesas, as universidades do mundo ocidental não se podem dar ao luxo de ficar paradas e acomodarem-se sobre os louros”, conclui.
A CWUR, responsável por este ranking académico de universidades globais, analisou 74 milhões de pontos de dados baseados em resultados para classificar as universidades de todo o mundo de acordo com quatro fatores: qualidade da educação (25%), empregabilidade (25%), qualidade do corpo docente (10%) e investigação (40%). Este ano, foram classificadas 21.462 universidades, e as que ficaram no topo entraram na lista Global 2000, que inclui instituições de 94 países.
Comentários