Agora, foi a vez de a Disney responder. O projeto-de lei assinado por DeSantis em fevereiro passaria o poder do antigo Conselho de supervisão, conhecido como Reedy Creek Improvement District, para um novo, Central Florida Tourism Oversight District, composto inteiramente por pessoas escolhidas pelo governador, e que acaba de descobrir que não tem assim tanto poder. Isto porque a Disney, num golpe burocrático, assinou um acordo um dia antes da aprovação do projeto de lei, que transfere para si grande parte do poder, conforme explicou o The Washington Post.

O acordo recorreu à cláusula de vida real, sendo válido em perpetuidade, ou "até à morte do último sobrevivente dos descendentes do rei Carlos III, rei de Inglaterra, vivos a partir da data da declaração".

A Disney passa a ter, assim, poder sobre melhorias ou mudanças nas propriedades do parque. Quaisquer alterações estão sujeitas à sua "revisão e comentários prévios", de modo a "garantir a consistência com o design geral e o tema" do parque. E o Conselho também foi proibido de usar o nome ou as personagens da Disney, "como o Mickey Mouse", e de distribuir ou vender mercadorias relacionadas com a Disney. 

"O novo Conselho do governador DeSantis não permitiria e não permitirá que a Disney dê a si mesma um poder sem precedentes sobre as terras (algumas das quais que nem são dela!) por mais 30 anos", disse a ex-secretária de imprensa de DeSantis, Christina Pushaw, no Twitter.

A nova gestão, responsável por assuntos relacionados com as infraestruturas, construções, pessoas contratadas e os impostos dessa zona especial, sendo nomeada pelo governador, faria com que a Disney ficasse dependente de DeSantis para aprovar grandes projetos. Mas com o novo acordo perde, na prática, o poder de fazer "alguma coisa além de manter as estradas e a infraestrutura básica", disse Rob Peri, outro membro do Conselho.

Esta disputa começou com a Disney a opor-se ao governador do estado da Flórida sobre a lei que restringe as discussões nas escolas sobre a orientação sexual e a identidade de género, e com DeSantis a responder com um projeto de lei que tiraria à gigante de entretenimento, após décadas, o poder de operar autonomamente.

A nova gestão do distrito especial já está a recorrer a advogados para contestar o acordo.

A Disney respondeu em comunicado, dizendo que "todos os acordos assinados entre a Disney e o distrito foram apropriados e foram discutidos e aprovados em fóruns públicos e abertos", estando em conformidade com a lei.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel