Neste estudo, intitulado "Vigilância de qualidade nutricional de refeições hospitalares entre 2017 e 2019", verificou-se que o sal existente na comida é muitas vezes mais do dobro daquilo que seria recomendado para um dia completo.

Com o objetivo de avaliar a qualidade nutricional de refeições hospitalares, foram analisadas laboratorialmente 32 refeições completas constituídas por prato de carne (53,1 %), prato de pescado (40,6%) e vegetariano (6,3%).

Entre as conclusões, destaca-se que "as refeições constituídas por prato de carne apresentaram valores médios superiores de densidade energética, proteína, gordura e hidratos de carbono, comparativamente com as restantes refeições".

No que ao sal diz respeito, as refeições com prato vegetariano foram as que revelaram um teor médio mais baixo.

Todavia, "nos três tipos de refeições verificou-se um incumprimento das recomendações nutricionais relativamente aos teores de energia, proteína e sal".

Em declarações à TSF, Mariana Santos, uma das autoras deste estudo, salienta que o objetivo não é assustar as pessoas, mas antes compreender de que forma se pode melhorar a qualidade da comida que é dada a quem está hospitalizado e, por isso, num momento de saúde mais frágil.

"Se as pessoas já estão em situação fragilidade e se o sal é superior ao recomendado, pode não contribuir para que a pessoa melhore tão rapidamente", exemplifica.

Os investigadores salientam que "este estudo vai ao encontro dos que consideram a vigilância nutricional periódica como uma forma de evidenciar tendências e identificar desvios, permitindo a implementação de ações corretivas apropriadas e atempadas para a melhoria da qualidade nutricional das refeições hospitalares".

Apesar da amostra deste estudo ser pequena, Pedro Graça, nutricionista e antigo responsável pelo Programa Nacional para a Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, disse à TSF que os resultados obtidos devem ser analisados porque "há uma série de patologias provocadas pelo sal, em primeiro lugar a hipertensão arterial, que é um gravíssimo problema de saúde pública, que atinge mais de 3 milhões de portugueses".