
"Foi com surpresa que soube pela imprensa da abertura de uma averiguação preventiva do Ministério Público. Já fui escrutinado em 2023 por estas notícias, sendo que os políticos têm de estar sempre disponível para o escrutínio. Estamos a falar de notícias que vieram a público na última campanha para as Legislativas", começou por dizer o secretário-geral do PS.
"Não escondi contas, revelei contas conjuntas, revelei tudo. Até as contas do meu filho de oito anos. Sempre fui transparente. Não tenho medo do escrutínio do MP e dos portugueses, ao contrário de Luís Montenegro. Não vou simular como Montenegro, amanhã a documentação estará disponível no site", afirmou.
"Quem não deve não teme, quem não teme não foge. Amanhã gostaria de ser ouvido pelo MP", rematou.
A responder aos jornalistas, Pedro Nuno Santos explicou que "dei todos os esclarecimentos aos orgãos de comunicação social que me estavam a fazer perguntas. Os meus pais, ao longo da minha vida e da minha irmã, sempre nos ajudaram, sempre que podem. Na compra destas casas, explico. A casa em Telheiras comprei no final de 2018. A de Montemor-o-Novo foi comprada em fevereiro de 2022", explicou.
"A casa em Telheiras custou 740 mil euros e foi paga com um sinal de duas contas suas e o resto (647 mil euros) com contas de ambos. Parte era de um crédito à habitação que contrai, de 450 mil euros, que foi abatido com o produto da venda da casa que tinha na praça das flores", detalhou. Casa essa que também teve uma ajuda "do meu pai para a pagar o crédito contraído".
"A segunda casa, em fevereiro de 2022, teve um sinal pago com a conta da minha mulher. Os restantes 530 mil euros foram pagos em parte com uma conta da minha mulher e em 508 mil euros com uma conta conjunta, e parte deles são resultado de um empréstimo que ainda estamos a apagar", disse.
Pedro Nuno Santos voltou a relembrar o caso de Luís Montenegro, pedindo que o primeiro-ministro esclareça o que não esclareceu: “sinto-me, por estar disponível para todos os esclarecimentos, com autoridade para exigir que Luís Montenegro esclareça o que não esclareceu. Não se compreende por que continua a resistir em revelar todos os clientes” e mostrar o trabalho feito para uma gasolineira de Braga, assim como mostrar todas as faturas do pagamento da sua casa.
O Ministério Público (MP) abriu uma averiguação preventiva no qual é visado o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
"Na sequência de receção de denúncias e tendo em vista a recolha de elementos, o Ministério Público determinou a abertura de uma averiguação preventiva", referiu fonte oficial da PGR, sem adiantar mais detalhes sobre o caso.
Segundo o jornal Observador, que avançou a notícia, em causa estão suspeitas relacionadas com a aquisição de um imóvel em Lisboa e outro em Montemor-o-Novo.
A averiguação preventiva "corre termos" no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), no qual é investigada a criminalidade económico-financeira mais complexa.
Segundo a PGR, "estas ações de prevenção estão previstas na Lei 36/94, de 29 de setembro", de Medidas de Combate à Corrupção e Criminalidade Económico-Financeira.
Em 12 de março, o procurador-geral da República esclareceu, a propósito da abertura pelo MP de uma averiguação preventiva relacionada com o primeiro-ministro e a empresa da família de Luís Montenegro (PSD), que este tipo de procedimento visa avaliar se existem elementos para avançar com a abertura de um inquérito.
Amadeu Guerra acrescentou que uma averiguação preventiva é baseada em informações obtidas em fontes abertas e pedidos de dados a várias entidades.
"Não são meios intrusivos", acrescentou.
O presidente do Sindicato dos Magistrados do MP, Paulo Lona, explicou então à Lusa que uma averiguação preventiva não tem prazo para ser concluída e que as entidades questionadas não estão obrigadas a fornecer informações.
De acordo com o jornal, uma das queixas anónimas enviada para a PGR diz respeito à aquisição de dois imóveis, sendo que foram denunciados factos indiciários que já eram conhecidos da opinião pública, nomeadamente através de uma notícia da revista Sábado de novembro de 2023. Está em causa a origem dos fundos para financiar a aquisição dos dois imóveis.
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