Este vírus, que recebeu o nome da vila onde o primeiro caso foi registado, em 1955, num trabalhador florestal febril de 24 anos na comunidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, tem sido responsável por surtos esporádicos na Amazónia brasileira — onde ganhou o nome de "febre da preguiça" em 1960, quando o vírus foi encontrado neste animal.

No total, estimam-se que foram diagnosticados mais de 500 mil casos, mas não há garantia de que seja um número fiável, já que a maioria dos sintomas são semelhantes a outras doenças que causam febre.

Este ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a febre Oropouche já foi detetada na Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba e Peru, entre outros países da América Latina.

O rápido aumento de casos de Oropouche, vírus espalhado por insetos que picam, levou os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos a emitir um alerta de saúde. Por sua vez, os primeiros casos do vírus na Europa foram detetados em junho e julho de 2024, em viajantes que foram infetados ao visitar o Brasil e Cuba.

Os sintomas são semelhantes aos da dengue, com febre, dor de cabeça, dores musculares e articulares e, ocasionalmente, vómitos e diarreia. Segundo a BBC, também é encontrado em vários animais, incluindo macacos bugios, saguis e preguiças, além de insetos.

Até ao momento, não foi observada transmissão direta do vírus de pessoa para pessoa, mas as autoridades estão alerta. Uma vez na corrente sanguínea, o vírus pode espalhar-se rapidamente pelo corpo e entrar no sistema nervoso central, com tendência para acumular-se particularmente no cérebro e no fígado.

Um vírus mortal e ainda sem tratamento

Em julho, autoridades no Brasil registaram as primeiras mortes devido à febre Oropouche. As duas mulheres tinham 21 e 24 anos e nenhuma delas tinha qualquer condição de saúde preexistente.

Depois destes casos, um relatório do Ministério da Saúde do Brasil sugeriu que o vírus pode ser transmitido de mulheres grávidas para os seus fetos, já que foi também registada a morte de uma criança não nascida.

Há ainda registo de um aborto espontâneo associado à infeção e quatro casos de recém-nascidos com microcefalia. Todavia, os efeitos ainda não estão comprovados cientificamente e os casos estão a ser investigados.

Para já, ainda não existem tratamentos para esta doença e são vários os investigadores que referem a necessidade urgente de vacinas eficazes contra a Oropouche, neste momento a serem testadas em modelos animais.

Assim, a prevenção é essencial e passa por evitar as picadas de mosquitos nos países mais afetados, através da utilização de redes mosquiteiras nas janelas e do uso de roupa que cubra a maior parte possível do corpo.