Numa das esferas armilares que ladeiam o Padrão dos Descobrimentos foi escrito, a tinta preta,“A nação que matou África, Wakanda4Ever”, uma frase que evoca uma nação do universo Marvel, Wakanda, situada no continente africano. A vandalização ocorreu poucos dias depois de ser tornado público que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) está a avaliar a classificação da obra como monumento nacional e de interesse público.

Em declarações ao jornal Público, o presidente da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, entidade que gere o Padrão dos Descobrimentos, afirmou que o ato de vandalismo deverá ter acontecido nesta terça-feira, 20 de junho, tendo a Polícia Judiciária se deslocado ao local.

É a segunda pichagem do Padrâo dos Descobrimentos no intervalo de dois anos. Em 2021, um casal de ativistas franceses escreveu, em inglês, na estrutura principal do Padrão: “Velejando cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate”.

O Ministério Público só em março deste ano é que pediu às autoridades francesas que interrogassem os responsáveis, sendo que a identificação foi revelada pelos próprios nas redes sociais. Ambos terão também pichado outros lugares como os elevadores da Bica, do Lavra e da Glória.

O país fictício e futurista da Marvel, Wakanda, ganhou um maior protagonismo após as adaptações para cinema do super-herói Pantera Negra, acarinhado pelas comunidades africanas espalhadas pelo mundo.

O Padrão dos Descobrimentos foi construído em 1940 em materiais efémeros como parte do cenário da Exposição do Mundo Português e teve como autor o arquiteto Cottinelli Telmo (também realizador de "A Canção de Lisboa, o primeiro filme sonoro integralmente português e uma referência da filmografia da época, com um elenco que incluía Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva) e do escultor Leopoldo de Almeida. Vinte anos mais tarde, por ocasião da comemoração dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique. voltou a ser erguido dessa feita em pedra e betão.

Nos últimos anos, a obra tem sido tema de um debate entre os que  defendem a sua existência como lugar emblemático que assinala os descobrimentos portugueses e os que argumentam que é um símbolo do colonialismo e do Estado Novo.