O relatório é já de 2024 e diz que algumas fritadeiras inteligentes, as chamadas air fryers, assim como televisores e relógios inteligentes, “estão a recolher ativamente dados pessoais dos utilizadores de forma invasiva e a enviá-los para os seus fabricantes”.
De acordo com a Iniciativa CPC : Cidadãos pela Cibersegurança, "parece nítido que os utilizadores deste tipo de dispositivos estão a pagar duas vezes pelos seus dispositivos: uma vez com a carteira e a outra com os seus dados pessoais os quais, posteriormente, são revendidos a data brokers ou para enviar para os seus dispositivos publicidade direccionada e altamente personalizada".
Perante esta situação, a CPC propõe as seguintes soluções:
- As autoridades regulatórias em Portugal e, em particular, a ASAE, realizem operações regulares e aleatórias de auditorias de segurança e privacidade em dispositivos deste tipo;
- Todos os dispositivos que sejam assim auditados passem a receber um novo “selo de conformidade” semelhante a certificados de eficiência energética;
- As autoridades devem garantir que a informação sobre a partilha de dados dos utilizadores deve estar claramente descrita nos produtos e aplicar coimas quando isto não acontece ou acontece de forma pouco transparente ou intencionalmente difícil de ler ou interpretar;
- Todos os dispositivos conectados devem incluir obrigatória uma opção para desactivar funcionalidades que impliquem a recolha de dados não essenciais para com o fabricante;
- O Legislador português e europeu deve aplicar coimas significativas aos fabricantes que desrespeitem as directrizes de privacidade ou usem dados pessoais de forma abusiva.
Saiba como os dados podem ser partilhados
Para que tal aconteça, os eletrodomésticos inteligentes precisam de estar ligados à internet e para utilizá-los, de maneira adequada, também é preciso criar uma conta, normalmente num aplicativo da marca, onde fornecemos informações como o nome, idade, e-mail e dados sobre a rede de internet, entre outros.
É com estes passos que os fabricantes e servidores têm depois acesso a esses dados. De acordo com o relatório, há falhas graves em termos de privacidade e de partilha dos dados com servidores suspeitos.
Quais os tipos de aparelhos que correm este risco?
- Fritadeiras Inteligentes: Modelos das marcas Xiaomi, Tencent e Aigostar foram identificados como estando configurados para gravar áudio no telemóvel dos utilizadores, sem uma razão clara que justifique tal intrusão na privacidade dos seus utilizadores. A Which também determinou que as fritadeiras da Aigostar e Xiaomi enviam dados pessoais dos utilizadores para servidores na China como, aliás, está descrito nos avisos de privacidade dos produtos;
- SmartTVs: Televisões da Hisense e Samsung pediam códigos postais durante a configuração inicial e a aplicação da Samsung solicitava acesso para aceder a todas as outras apps instaladas no telemóvel do utilizador;
- Smart Watches: O Huawei Ultimate smartwatch requer permissões consideradas “perigosas”, incluindo a gravação de som, acesso a ficheiros no dispositivo assim como à localização GPS.
Como podemos proteger-nos?
- Leia com muita atenção as políticas de privacidade e os termos de uso do eletrodoméstico;
- Desativar a recolha de dados não essenciais;
- Utilizar outro e-mail, que não o pessoal, na hora de criar uma conta para o aplicativo do aparelho inteligente;
- Evite ligar o aparelho às suas redes sociais ou serviços não essenciais para o funcionamento do eletrodoméstico;
- Opte por comprar uma air fryer de marca consolidada.
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