“A Faixa de Gaza é parte integrante do Estado da Palestina, assumiremos todas as nossas responsabilidades no quadro de uma solução política global para a Cisjordânia, Jerusalém oriental e a Faixa de Gaza”, afirmou Abbas, ao receber em Ramallah o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Na terça-feira, no Congresso, Blinken afirmou que a Autoridade Palestiniana deveria recuperar o controlo da Faixa de Gaza ao grupo islamita Hamas e que parceiros internacionais poderiam eventualmente desempenhar um papel durante um período provisório.
“Em determinada altura, o que faria mais sentido seria que uma Autoridade Palestiniana eficaz e revigorada fosse responsável pela governação e, em última análise, pela segurança em Gaza”, declarou durante uma audição interrompida várias vezes pelos manifestantes que exigiam “salvar crianças de Gaza”.
Abbas, cuja Autoridade foi desalojada de Gaza pelo Hamas em 2007, tem sede em Ramallah e governa apenas na Cisjordânia, ocupada por Israel em 1967.
As últimas eleições legislativas palestinianas remontam a 2006 e foram ganhas pelo Hamas.
Impedido de exercer um poder real, apesar da vitória, o movimento islamita tomou o controlo da Faixa de Gaza pela força no ano seguinte, derrotando as forças de segurança da Autoridade Palestiniana.
“Mais uma vez, encontramo-nos nas mais duras condições possíveis, não tenho palavras para descrever a guerra de genocídio e a destruição que atingem o nosso povo palestiniano em Gaza por parte do aparelho militar de Israel, sem qualquer respeito pelos princípios do direito internacional”, acrescentou Abbas, perante Antony Blinken.
Denunciou também “o terrorismo dos colonos judeus » na Cisjordânia – que são cerca de meio milhão -, classificando-o como “uma limpeza étnica”.
Além da violência dos colonos, os ataques aéreos e outras incursões armadas das forças israelitas multiplicaram-se na Cisjordânia desde 07 de outubro.
Mais de 150 palestinianos foram mortos na Cisjordânia ocupada por tiros de soldados ou de colonos israelitas, desde aquela data, segundo o Ministério da Saúde.
Abbas disse ainda “recusar categoricamente” a transferência forçada de palestinianos da Faixa de Gaza, da Cisjordânia ou de Jerusalém, quando declarações de ex-responsáveis israelitas deixam entender que Israel apoiará a reinstalação de pelo menos uma parte dos cidadãos de Gaza no Sinai egípcio.
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, e o rei Abdullah II da Jordânia, os dois países que partilham fronteiras com os territórios palestinianos ocupados, têm-se manifestado contra qualquer transferência.
Em 07 de outubro, o Hamas – classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.
Iniciou-se, então, uma forte retaliação de Israel àquele território palestiniano desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.
De acordo com o ministério da Saúde do Hamas, o conflito provocou pelo menos 9.250 mortos na Faixa de Gaza.
Comentários