"Associo-me à Igreja em Portugal nos agradecimentos à Comissão Independente pelo seu importante trabalho que aponta para a necessidade urgente de combater o que quer que seja que fomente o silêncio daqueles que foram atingidos pelo abuso, um silêncio que impede uma prevenção eficaz e a administração da justiça", referiu em comunicado o cardeal Sean Patrick O'Malley, presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores.

Para o cardeal, conhecido pelas suas batalhas contra os padres pedófilos na diocese de Boston, "a Igreja em Portugal deu passos importantes no sentido de abordar esta questão através do trabalho da Comissão Independente".

Frisando que a preocupação "deve ser, antes de mais, com as vítimas, cujo direito à justiça e a cuidados adequados tem de ser uma prioridade comum", O'Malley agradeceu "aos homens e mulheres que deram voz a décadas de silêncio e abriram o caminho para um novo momento na nossa Igreja e na nossa Sociedade".

"Associamo-nos à expressão do nosso pesar a todos aqueles que foram prejudicados por tal violação da dignidade humana e encorajamos qualquer pessoa que tenha experimentado crimes semelhantes a não hesitar em denunciá-los às autoridades competentes", acrescentou.

De recordar que a a Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores é um órgão da Santa Sé criado pelo Papa Francisco a 22 de março de 2014 e que tem uma "função consultiva, ao serviço do Santo Padre" para "propor iniciativas ao Pontífice Romano" de forma a "promover a responsabilidade das Igrejas particulares na proteção de todos os menores e adultos vulneráveis".

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

"O trabalho da Comissão Pontifícia, recentemente renovado pelo nosso Santo Padre, o Papa Francisco, visa reforçar o compromisso da Igreja para com as vítimas e sobreviventes na sua busca de justiça e, em última análise, a busca de cura", pode ainda ler-se no comunicado do cardeal.

Desta forma, uma das prioridades é "assegurar que políticas sólidas sejam implementadas em toda a Igreja" e que se possam "verificar boas práticas e códigos de conduta adequados para que cada bispo, padre, irmã religiosa ou irmão, ou catequista" possa proporcionar "um ambiente mais seguro para as crianças e um testemunho mais credível do Evangelho".

"Devemos estar empenhados na defesa vigorosa dos direitos das vítimas e sobreviventes de abusos e na educação para a prevenção de abusos, transparência, responsabilidade e tolerância zero na nossa Igreja", rematou, pelo que "a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores aguarda com expectativa a assistência à Igreja em Portugal, tal como reflete sobre as recomendações contidas no Relatório Final".