"Um grupo de leigos divulgou uma 'Carta Aberta ao Bispo do Porto'. Agradece-se a boa vontade de contribuírem, com participação ativa e sinodal, para o necessário apoio às vítimas e para a construção de uma cultura do respeito e da confiança, algo que já faz parte da vida e sensibilidade dos agentes pastorais, mas que pode e deve ser implementado com maior empenho por parte de todos", pode ler-se na nota da Diocese.

Na carta, um grupo de católicos do Porto torna público o desânimo pelo que consideram as "não decisões, falta de sentido de urgência e de clareza" de D. Manuel Linda e referem que este é um momento de "absoluta urgência" na Igreja.

Agora, na resposta, é referido que "as preocupações apresentadas na Carta também são as mesmas do Bispo do Porto: prioridade às vítimas, acompanhá-las e erradicar este dramático fenómeno da vida da Igreja, a par da certeza de que nenhum abusador tem ou terá lugar no seio do clero".

"Porém, há que esclarecer que a lista apresentada pela Comissão Independente apenas traz o nome do eventual abusador e não o da vítima: esta confiou-lhe o seu testemunho precisamente por saber que ficava a coberto do mais rigoroso anonimato. Por isso, o bispo não sabe o nome das vítimas. Daí a investigação a que procedeu e continua a realizar. Mas se os subscritores conhecem as vítimas, em consciência devem indicá-las ao bispo", é frisado.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Nesse sentido, a Diocese recorda a passagem em que é referido que "o nosso Bispo optou por remeter ao Vaticano e ao Ministério Público 4 processos" e nota que "essa afirmação deve-se a uma leitura mais apressada do Comunicado do passado dia 24 de março. Nele se afirma que 'o Bispo do Porto entregou à Procuradoria Geral da República a lista dos eventuais abusadores, tal como a recebeu da Comissão Independente'. Se foi 'tal como a recebeu', não foram apenas os tais quatro nomes: foram todos!", é notado.

"E logo a seguir, escreve-se: 'Ao mesmo tempo, recolheu todos os elementos disponíveis sobre cada um dos nomes lá constantes. Reuniu com cada um deles e procedeu à realização de um inquérito preliminar'. Se é 'sobre cada um dos nomes lá constantes', logicamente é sobre todos e não sobre qualquer parte. Obviamente, excetuam-se os mortos", lê-se ainda.

Por fim, o bispo do Porto reconhece que "esta é a hora do efetivo apoio personalizado às vítimas, logo que sejam conhecidas. É também a hora da justiça que passa pela investigação e pelo direito penal. Mas, para que se trate efetivamente de justiça, é necessário que se cumpram as normas do direito e se evitem critérios subjetivos, por mais bem-intencionados que sejam", remata.