As celebrações da peregrinação de 12 e 13 de maio, 108 anos após os acontecimentos na Cova da Iria e nas quais são esperados milhares de fiéis, iniciaram com a recitação do terço, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a procissão das velas e a Celebração da Palavra, no recinto do santuário.

Esta noite, o Santuário inaugurou, na Capelinha das Aparições, a nova cruz do presbitério. "A nova figuração, feita de bronze fundido, surge também como uma forma de assinalar o presente Ano Jubilar, dedicado à esperança, que tem como imagem uma cruz", é explicado.

"Com 2,60 metros de altura, a cruz, que se localiza atrás do altar e à esquerda da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, foi pensada para que a figura de Cristo se eleve acima do sacerdote que preside à liturgia, conferindo-lhe centralidade e transcendência, salvaguardando a harmonia daquele espaço celebrativo", nota ainda o Santuário de Fátima.

O apelo à paz e a recordação de Francisco

Na homilia da celebração, o cardeal brasileiro Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, defendeu a necessidade de concórdia entre os povos ao lembrar o fim da II Guerra Mundial, há 80 anos.

“Precisamos do vinho da concórdia, do entendimento entre os povos, o vinho do perdão, da paz, o vinho do entendimento, o vinho da proximidade, o vinho da coragem de olharmos uns nos olhos dos outros e dizer ‘tu és o meu irmão, tu és a minha irmã”, afirmou, perante cerca de 270 mil fiéis, número divulgado pelo Santuário.

Antes, referiu que Jesus é o “bom vinho” que o tempo atual necessita ao lembrar o fim da II Guerra Mundial e os 60 conflitos armados atuais no mundo. “Ele é nossa paz”, prosseguiu o cardeal.

Aos fiéis, que designou de peregrinos de esperança, pediu para que testemunhem a sua fé. “Hoje, nesta noite, aqui nesta praça, colocamo-nos como peregrinos de esperança diante da imagem de Fátima e na imagem reconhecemos e veneramos a mãe do salvador”, declarou.

O cardeal, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, pediu à Virgem para que olhe pelos povos e interceda também em favor do Papa Leão XIV.

“Interceda por nós, (…) para que possamos cumprir a nossa vocação, a nossa missão na sociedade de hoje e testemunhar, por palavras e atos, a fé que nos anima, nos sustenta e nos une”, acrescentou.

Na Celebração da Palavra que se seguiu à procissão das velas, além do cardeal brasileiro, estiveram o cardeal D. António Marto, bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, 20 bispos, 171 padres e 15 diáconos.

No final da celebração, já com a imagem de Nossa Senhora recolhida na Capelinha das Aparições, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, recordou o Papa Francisco, com a sua frase "Temos Mãe", proferida ali na Cova da Iria.

Robert Prevost era para estar em Fátima... e já tem convite enquanto Papa Leão XIV

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, disse na tarde desta segunda-feira que espera a visita do Papa a Fátima, revelando que o antigo cardeal foi a primeira escolha para presidir às peregrinações de maio e outubro.

Aos jornalistas, o bispo, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), precisou que "o atual Papa Leão XIV foi a primeira escolha para presidir a esta celebração e ele disse que sim, com muito gosto", mas teria de ver a agenda. Posteriormente, informou o bispo de Leiria-Fátima de que um "compromisso inadiável" o impedia de marcar presença.

D. José Ornelas adiantou que o convite passou para a presidência da peregrinação de 12 e 13 de outubro próximo. "E ele, desta vez, foi ver e disse 'com muito gosto'. E ficou marcado para a de outubro. Só que, entretanto, disse-me também depois 'eu mudei de categoria de cardeal e a cerimónia vai ser em outubro e já está determinada e eu já não posso dizer que não'", adiantou.

O presidente da CEP acrescentou que "este Papa até já tem um convite feito, espontaneamente, pelo D. António Marto".

"Concordo e agradeço que tenha posto isso na agenda do Papa, pelo menos na agenda do pensamento, e depois teremos ocasião de confirmá-lo também", afirmou D. José Ornelas, referindo que Leão XIV é um homem "muito próximo e muito acessível".

D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, foi um dos cardeais que participou no conclave que elegeu o cardeal Robert Francis Prevost Papa.

Na sexta-feira, numa conferência de imprensa dos cardeais portugueses que estiveram alojados no Colégio Português em Roma, por ocasião do conclave, D. António Marto adiantou que disse a Leão XIV: "Trago votos de felicidade, trago o voto de todos dos peregrinos de Fátima" e "num momento oportuno esperamos uma visita sua".

Sobre Leão XIV, considerou ser "uma alegria muito grande tê-lo como novo Papa e por aquilo que são os gestos que ele está a fazer de resposta a este momento" que a Igreja Católica vive.

Quanto ao Papa Francisco explicou que a sua missão na Igreja "marcará não só" a geração atual, como "deixará um raio na História da própria Igreja", lembrando as visitas que efetuou a Fátima.

Francisco, eleito Papa em 2013, morreu no dia 21 de abril, aos 88 anos. Esteve no Santuário de Fátima por duas vezes: em maio de 2017, no centenário dos acontecimentos da Cova da Iria e para canonizar Francisco e Jacinta Marto, e em agosto de 2023, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

As próximas horas

Durante a noite e até às 07h00 de terça-feira decorre uma vigília de oração, seguindo-se a procissão eucarística no Santuário de Fátima.

Na terça-feira, após a recitação do terço, às 09h00, na Capelinha das Aparições, começa, uma hora depois, a missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, no recinto.

*Com Lusa