“Não é possível apagar qualquer registo no CHT e tudo o que se faça no programa tem um rasto”, afirmou a médica internista responsável por este programa desde 2013, na comissão parlamentar de saúde, onde foi ouvida a direção da ACSS, a pedido do PS, sobre as conclusões do grupo técnico independente criado pelo Ministério da Saúde para avaliar os sistemas de gestão das listas de espera.
O grupo técnico independente concluiu que a Administração do Sistema de Saúde “limpou” doentes das listas de espera para consultas, numa altura em que era presidida pela atual ministra, e que foram usados indevidamente mecanismos para alterar datas de inscrição de utentes para cirurgia.
Adelaide Belo assegurou na audição que “não há qualquer manipulação de dados” e que nunca lhe foi pedido por um elemento da direção da ACSS que manipulasse dados.
“Eu tenho a obrigação de dizer isto aqui e quem me conhece sabe que nunca podia ir atrás desta conversa”, vincou a médica.
Segundo a responsável, “não é possível apagar qualquer registo no CHT”, porque “tudo o que se faça no programa tem um rasto”.
“Quem quer que mexa no programa fica sabendo quem foi, em que dia foi, a que horas foi, a que minuto foi. Portanto, é muito fácil rastear qualquer intervenção que seja feita no programa”, sublinhou.
A médica explicou que os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG) dizem respeito a consultas realizadas, desde o pedido de consulta pelo médico de família até à sua efetivação no hospital.
“Quando foi necessário publicitar no portal do SNS não só o TMRG, mas também a lista de espera, aquilo que os hospitais tinham eram as listas de espera dos seus sistemas [que são vários] e nunca ligavam àquilo que nós mandávamos porque, como não lhes era pedida responsabilidade sobre isso, eles davam sempre os dados da sua lista de espera”, explicou.
Contudo, salientou, “quando foi necessário publicar no portal os dados da lista de espera é que este assunto começa a vir à baila e a lista de espera era um saco sem fundo”.
A lista de espera “tinha tudo, desde faltas de integração, que são imensas, até ao que que estava verdadeiramente à espera há um ano ou há um minuto. Estava tudo no mesmo saco”.
Adelaide Belo explicou que para corrigir esta situação foi preciso aproximar-se “cada vez mais da verdade, da realidade”, um trabalho que está a ser feito desde 2016.
“Ainda estamos nesta fase de aproximação”, disse, comentando que os cuidados de saúde primários são os que têm tido mais dificuldade em corrigir os seus dados.
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