“A parte da industrialização da aeronave será em Ponte de Sor, devido às condições do aeródromo”, disse o presidente do município, Hugo Hilário, após o encerramento do primeiro dia da cimeira aeronáutica “Portugal Air Summit”, que decorre até sexta-feira naquela cidade alentejana.
A fábrica que vai ser construida no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor está integrada no Programa ATL-100, o primeiro programa aeronáutico completo de Portugal e que envolve o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e a empresa brasileira DESAER, fundada por antigos quadros da construtora aeronáutica Embraer, também do Brasil.
O autarca explicou que este projeto vai criar 1.200 postos de trabalho, que serão repartidos pelo centro de engenharia que este programa está a desenvolver no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora, e também numa outra área em Beja.
“Este projeto vai criar 1.200 postos de trabalho, não todos em Ponte de Sor. O centro de engenharia vai ser em Évora, prevê-se também alguma atividade em Beja no âmbito deste triangulo aeronáutico Ponte de Sor, Évora e Beja, mas desses postos de trabalho, aquilo que eu penso, é que a maior parte vai ser em Ponte de Sor, mas não vou quantificar”, disse.
O projeto luso-brasileiro que vai desenvolver, fabricar e operar uma aeronave ligeira integralmente feita em Portugal, a partir do Alentejo, foi apresentado no dia 25 de setembro em Évora, tendo sido anunciado que a previsão para a comercialização do primeiro avião seria “no final de 2025 ou início de 2026″.
O Programa ATL-100, o primeiro programa aeronáutico completo de Portugal, “prevê quatro protótipos” da nova aeronave ligeira que vai ser construída, sendo que a “planificação prevê que o ‘roll-out’ do primeiro aconteça no final de 2023″, disse na altura aos jornalistas Miguel Braga, diretor do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto.
O projeto foi apresentado no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora, onde o CEiiA tem escritórios e onde vai ser feita a fase de desenvolvimento da aeronave.
O programa, que prevê o envolvimento de “mais de 30 empresas e universidades nacionais e internacionais, nomeadamente ligadas aos programas como o MIT”, envolve um investimento global estimado na ordem dos “164 milhões de dólares”, ou seja, à volta de 140 milhões de euros, afirmou o diretor do CEiiA.
Este investimento, “como já está a ter nesta fase inicial”, conta com financiamento de fundos comunitários, nomeadamente através do programa operacional regional Alentejo 2020, “mas a grande fatia” do montante “vai ser assegurada pela DESAER e pelo CEiiA e, numa segunda linha, por investidores”, sobretudo internacionais.
“Os 20 milhões de euros que temos neste momento é para a fase de desenvolvimento que vai acontecer” em Évora, onde o objetivo passa por “ter 50 engenheiros a trabalhar em permanência e dedicados em exclusivo ao desenvolvimento do programa até ao final do ano”, adiantou Miguel Braga.
A ATL-100 é uma aeronave “de transporte leve, para operar em pistas com condições não muito exigentes, com um alcance de 1.600 quilómetros”, e que poderá “transportar até 19 passageiros”, mas que “em duas horas pode ser transformada”, passando para carga ou vice-versa, sendo “uma alternativa para zonas menos desenvolvidas do ponto de vista de infraestruturas, em África ou na América do Sul”.
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