“Ninguém deve ter medo de dizer o que pensa neste momento crítico e a segurança de todos os jornalistas, incluindo mulheres, deve ser especialmente garantida”, considera Azoulay, citada num comunicado da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês).
Indicando que “o acesso a informação fiável e a um debate público aberto, facilitado por ‘media’ livres e independentes, é crucial para os afegãos alcançarem o futuro pacífico que merecem”, a responsável assinala que “a UNESCO continua empenhada em apoiar (…) a liberdade de expressão e o acesso à informação para todos os afegãos”.
O movimento extremista afegão entrou no domingo em Cabul, após ter conquistado a maioria das capitais provinciais do Afeganistão numa ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada por Washington contra o regime talibã, que acolhia no seu território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.
A UNESCO refere no mesmo comunicado ter “orgulho” de ter participado nas últimas décadas no desenvolvimento no Afeganistão “de um setor de ‘media’ vibrante e diversificado”, que mostra “enorme dedicação em servir o público, mesmo perante a violência e ameaças”.
Dados desta agência da ONU indicam que, apenas este ano, foram mortos no país da Ásia Central pelo menos sete jornalistas, quatro dos quais mulheres.
Na terça-feira, o porta-voz dos talibãs Zabihullah Mujahid afirmou que o movimento não se pretende vingar, adiantando que os órgãos de comunicação social privados “irão manter-se independentes”, embora sublinhando que os jornalistas “não devem trabalhar contra os valores nacionais”. Os talibãs também já asseguraram que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
No comunicado, a UNESCO insiste que “o importante progresso alcançado não deve ser desfeito” e que “as jornalistas devem continuar o seu importante trabalho”.
Sobre declarações dos talibãs de que não haverá ameaças ou represálias contra jornalistas, a agência da ONU pede que sejam cumpridas e que haja um acompanhamento da situação em todo o país.
Na quinta-feira, Audrey Azoulay tinha apelado para a necessidade de garantir a “preservação do património cultural do Afeganistão na sua diversidade” instando a que fossem tomadas “todas as precauções necessárias” para o “poupar de danos e saques”.
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