“As autoridades nestas duas regiões aumentaram os ataques contra os jornalistas e contra a liberdade de imprensa em toda a região para suprimir as notícias sobre corrupção e violação de direitos humanos em 2022”, escrevem as duas organizações não-governamentais, num relatório divulgado hoje.
De acordo com o diretor da AI para a África Austral e Oriental, Tigere Chagutah, citado no documento, “tem havido uma preocupante tendência de ataques, assédio, intimidação e criminalização do jornalismo nos países da África Oriental e Austral, demonstrando o quão longe as autoridades estão preparadas para ir para silenciar os media que expõem acusações de corrupção e de abusos de direitos humanos”.
“Os jornalistas mostram um espelho da sociedade; fazer deles alvos simplesmente por fazerem o seu trabalho envia uma mensagem errada de que os estados não estão preparados para implementar as suas obrigações sobre os direitos humanos e ser responsabilizados”, acrescentou o diretor regional do Instituto dos Media da África Austral, Tabani Moyo.
No relatório apresentam-se exemplos de praticamente todos os países destas duas regiões africanas, especificando o caso de Moçambique, onde “os jornalistas considerados críticos do Governo são sujeitos a ameaças, assédio e intimidação”, lembrando-se o caso do diretor da Crónica Jurídica e Judiciária, Armando Nenane, que recebeu uma bala entregue por dois homens que “disseram que estavam a seguir ordens dos seus superiores”.
Além deste caso, estas duas ONG apresentam casos de praticamente todos os países da região, como na Etiópia, que prendeu 29 jornalistas no ano passado, e na República Democrática do Congo, “onde os jornalistas são constantemente ameaçados, intimidados, detidos e às vezes até assassinados com impunidade por fazerem o seu trabalho”.
A liberdade de imprensa “é fundamental para garantir sociedades transparentes, e se as autoridades estão empenhadas em construir sociedades que respeitem os direitos humanos e responsabilizem os governos, então têm de parar de intimidar e assediar os jornalistas”, sob pena de “lançarem as sociedades para as trevas”, conclui-se no relatório.
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