“É hora de estabelecer um cronograma para a eliminação dos combustíveis fósseis no Brasil e acelerar uma transição energética nos países exportadores de petróleo e não abrir novas fronteiras exploratórias”, disse à EFE a especialista em Políticas Públicas do Observatório do Clima.
O Observatório, que reúne cinquenta organizações ambientalistas, incluindo internacionais como Greenpeace, WWF e Conservation International, acredita que a Petrobras deve aproveitar o revés para repensar sua estratégia antes de insistir em perfurar em uma região ambientalmente vulnerável.
O pedido ocorre um dia depois de o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) negar a licença ambiental que a Petrobras esperava para perfurar um poço na chamada margem equatorial, como a bacia marinha de águas profundas do Atlântico localizada ao largo da a foz do rio Amazonas.
Após a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência brasileira, a Petrobras anunciou que iniciará um processo de transição energética para fontes renováveis.
A empresa, no entanto, alega que para financiar esse processo precisa primeiro renovar suas reservas de petróleo e explorar as gigantescas jazidas que seus estudos sísmicos indicam existirem em novos horizontes como a margem equatorial.
Por esta razão, a empresa tinha reservado 3.000 milhões de dólares (2.787 milhões de euros), 49% dos recursos destinados às atividades exploratórias, para perfurar 16 poços na margem equatorial entre 2023 e 2027.
O Ibama esclareceu que a petroleira pode solicitar novamente a licença, mas para isso terá que apresentar um Levantamento Ambiental da Área Sedimentar, um conjunto de estudos complexo, caro e demorado, necessário para determinar os riscos ambientais da atividade petrolífera em uma região.
Segundo o Observatório do Clima, além de proteger um ecossistema vulnerável e ainda desconhecido, a decisão do Ibama mantém a coerência do Governo Lula da Silva, que prometeu priorizar o combate às mudanças climáticas.
“É incoerente autorizar a abertura de uma nova fronteira petrolífera no auge da aceleração da crise climática”, diz a organização.
Segundo a nota, o Ibama deu ao país a oportunidade de iniciar um debate mais amplo sobre o papel do petróleo no futuro do país e definir se continuará investindo em combustíveis fósseis.
“Celebramos a decisão do Ibama por vários motivos. Primeiro, para garantir a proteção da foz do Amazonas, que possui imensa diversidade biológica e um delicado sistema recifal. Segundo, para abrir um debate sobre o potencial brasileiro para uma transição energética justa”, afirmou, por sua vez, o porta-voz do Greenpeace Brasil para os Oceanos, Marcelo Laterman.
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