Segundo o sindicato, o recurso ao 'take-away', fórmula encontrada pelos 29 trabalhadores daquele espaço histórico do Porto para evitar o encerramento assim que o Governo mandou fechar restaurantes, para evitar a propagação do novo coronavírus, "degradou" as condições em que estão a operar.
"Os trabalhadores, no quadro epidémico existente, conseguiram com a venda de refeições em serviço de 'take-away', receber 450 euros por conta do salário de abril, mas estão por pagar faturas de água, luz, gás e renda, pois não há fundo de caixa suficiente e a gerência recusa pagar", lê-se na nota de imprensa.
No mesmo comunicado, o sindicato recorda que "gerência da Cervejaria Galiza não cumpriu a promessa feita no Ministério do Trabalho de meter um processo de insolvência controlada e recuperação da empresa" deixando, assim, "ao abandono a situação dos trabalhadores da Galiza".
O sindicato informou ainda que "um credor requereu a insolvência da empresa no passado dia 21 de abril, mas até à data a empresa não foi notificada", facto que considerou ser "muito estranho".
Notando que os trabalhadores "estão a preparar as condições da cervejaria para receber os clientes no dia 19", conforme as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), o sindicato disse esperarem dessa forma os funcionários "poderem receber o resto do salário de abril e o de maio".
António Ferreira, um dos três trabalhadores a gerir o espaço desde o final de 2019, explicou à Lusa que o regresso da cervejaria à atividade normal "não vai permitir que os salários sejam repostos rapidamente, uma vez que dos 190 lugares disponíveis, nem metade poderão ser utilizados" por força das determinações da DGS.
"Vamos manter o serviço de 'take-away' e, procurando acumular as duas situações, tentar equilibrar ao máximo a faturação, sendo certo que não temos dinheiro para pagar já as faturas que nos chegaram", descreveu o funcionário.
Com 29 funcionários no ativo, António Ferreira transmitiu a certeza de "que nenhum teve ou apresenta sintomas da covid-19".
Em novembro de 2019 os então 33 trabalhadores evitaram o encerramento compulsivo, e sem aviso, do estabelecimento pela empresa, assumindo desde então a gestão ao dia da cervejaria como "forma de provar ser um negócio viável, situação que se manteve até à chegada do vírus e a obrigatoriedade de se reconverter em 'take-away'", explicou António Ferreira.
Fundada a 29 de julho de 1972, a Cervejaria Galiza é detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense, sendo uma das referências do Porto no setor da restauração.
A tentativa de resolver as dificuldades financeiras passou pelo recurso a um PER, aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia.
Portugal contabiliza 1.144 mortos associados à covid-19 em 27.679 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da DGS sobre a pandemia.
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