
Vera Sequeira, Bióloga Marinha e Comunicadora de Ciência no centro de investigação MARE e no laboratório associado ARNET na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa esclarece: "Trata-se de um mito. Os peixes têm uma memória muito melhor do que se pensa!".
Estudos científicos mostram que algumas espécies conseguem lembrar-se de eventos por dias, semanas e até meses, refere a especialista.
"A ideia de que os peixes só têm memória de 3 segundos provavelmente surgiu como um mito popular para justificar certos comportamentos que os peixes apresentam, como: nadar repetidamente utilizando o mesmo percurso (algumas espécies parecem explorar o ambiente de forma repetitiva, dando a ilusão de que esqueceram rapidamente onde estiveram), a permanência de peixes em pequenos aquários (levou as pessoas a pensar que os peixes se esquecem rapidamente de onde estão e tudo lhes parece sempre novo) ou a falta de expressão facial (como os peixes não demonstram emoções de forma óbvia, transmitem a ideia de que não têm memórias ou sentimentos)", acrescenta.
Esta ideia foi também dada a conhecer através da personagem Dory no filme de animação “À Procura de Nemo”, que sofre de perda de memória a curto prazo. Porém, a especialista sublinha firmemente: "A ciência já desmentiu este mito!!"

Além disso, vários trabalhos científicos têm comprovado que a memória dos peixes é mais complexa e duradoura do que se diz.
Por exemplo, um estudo publicado no Journal of Fish Biology demonstrou que os peixes-donzela (Stegastes fuscus) são capazes de reter memórias associadas a estímulos positivos e negativos por períodos de 5 a 15 dias. Outro trabalho publicado no Journal of The Royal Society Interface, mostra como os cardumes de peixes utilizam a memória coletiva para manter a coesão e tomar decisões durante a migração, sendo essa memória influenciada pela interação social, o número de indivíduos informados e a força da sua preferência pelo destino.
Em outra investigação, publicada no Comparative Biocheistry and Physiology Part A, verificou-se que os peixes-dourados (Carassius auratus) são capazes de formar memórias de aversão ao gosto associadas a estímulos negativos, memórias essas que retêm por 47 dias.
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